Uma das melhores lembranças que tenho da
infância é de quando via minha mãe, já tarde da noite, preparando o amendoim
para rechear os ovos de galinha coloridos que iam encher as nossas cestas de
páscoa.
Os ovos começavam a ser guardados
muito tempo antes, a cada omelete, bolo ou pudim que era feito em casa.
Quebrava-se o ovo em uma das extremidades, com o cuidado de deixar o furo com o
menor tamanho possível, suficiente apenas para retirar lá de dentro a gema e a
clara. As casquinhas iam sendo guardadas em uma cesta e depois eram tingidas
com papel de seda colorido. No sábado à noite, eram recheadas com a tradicional
carapinha, uma mistura feita com amendoim, açúcar e água, e tampadas com papel colorido.
Então, eram colocadas nas cestinhas, caixas de papelão recobertas de franjas
feitas de papel de seda, e escondidas para serem procuradas no domingo de
páscoa.
A gente demorava a descobrir que não era o
coelhinho da páscoa que escondia a cesta.
Durante algum tempo mantive essa tradição
em minha casa, quando minhas meninas eram pequenas. Logo, elas assumiram uma
parte do serviço: a pintura das casquinhas. Já não mais com papel de seda
colorido e sim com tinha guache. E essas ocasiões se transformavam em uma
festa. Hoje, as mamães não fazem mais casquinhas coloridas, nem cestinhas de
papel de seda. Elas vão ao supermercado e compram um ovo de chocolate. E
pronto!
Mas que a páscoa tinha um outro sabor, lá
isso tinha!