Daqui mais uns dias, estarei fazendo 52 anos. É uma vivência de mais de meio século. Como se diz por aí, já virei a curva e andei mais um pouco. Nem por isso me sinto velha, ao contrário, às vezes me vejo até um pouco menina, experimentando coisas novas, fazendo projetos, cometendo erros bobos e, principalmente, mantendo o coração cheio de expectativas. Mas, que o tempo passou, isso lá passou. E como passou. E como a vida da gente mudou.
Da minha janela, nesses cinquenta e poucos anos, vi o mundo evoluir assustadoramente. Quando eu tinha 15, 16 anos, ouvíamos música em torno de um aparelhinho portátil cujo nome resumia sua única função: toca-discos. Na televisão, imagens em preto e branco divertiam uma platéia que se acotovelava nas salas das poucas famílias que podiam dispor de um aparelho de TV. A comunicação entre as pessoas era feita quase que exclusivamente através de cartas. O telefone era um meio restrito e quem possuía um, não raramente tinha que emprestá-lo para uso da vizinhança inteira.
Os jovens, com certeza estranhariam a vida funcionando nesse ritmo. Da mesma forma, pessoas da minha geração têm dificuldades para acompanhar a mudança que se operou ao longo desse tempo. Muitos se recusam a fazer uso das novas tecnologias. De minha parte, estou muito feliz digitando aqui no meu computador e, ao mesmo tempo, conversando com meus amigos e familiares em tempo real, enviando e recebendo imagens, ouvindo música e podendo apagar e reescrever o meu texto quantas vezes for necessário. Na minha Olivetti portátil jamais eu conseguiria isso.