terça-feira, 20 de outubro de 2009

A deselegante indiscrição alheia



Por duas vezes, hoje, me perguntaram se eu era mãe de uma pessoa que tem em torno de 40 anos. Para isso ser real, eu, que tive minha primeira filha aos 24, teria que ter parido aos 12.
Eu realmente ganhei idade na aparência por conta do cigarro. Foram 30 anos envelhecendo a pele com as centenas de baforadas todos os dias. Mesmo assim, não seria para tanto.

Mas o interessante na história é observar como as pessoas, de modo geral, são deselegantes. Ou enxeridas. Ou bisbilhoteiras. Ou sei lá que adjetivo lhes atribuir. O que lhes importa saber quem é quem vindo de pessoas com as quais não têm nenhuma intimidade?
A pergunta, normalmente, vem assim, de pronto: “é sua mãe? É seu filho? É sua esposa?”. E a resposta, com frequência, provoca constrangimento. “Não, é minha irmã, é meu marido, é minha filha”.

Tenho uma amiga que é morena e o filho, branco. Sempre que saíam, ela com o bebê no colo, as pessoas não tinham nenhum embaraço em perguntar se ela era a babá do nenê. Ou, então, disparavam: “o pai que é branco?”. Tem outra que namora um homem mais jovem e os abelhudos não perdoam: “é seu filho?”.

A indiscrição é uma coisa muito feia e denota falta de educação. Mas eu acho que na nossa sociedade vai um pouco além disso. As pessoas são, por natureza, interessadas demais na vida dos outros. Tanto é que as revistas, os programas de fofoca fazem um tremendo sucesso.
Mas, sempre é bom saber que a gente também pode revidar tanto interesse alheio com uma perguntinha bem simples: “isso é da sua conta?”. Ou, quem sabe, desconcertando um pouquinho mais: “pra que você quer saber?”. Afinal, dizem que nada melhor para combater cara de pau do que uma bela e descarada cara de pau.