quinta-feira, 24 de junho de 2010

O mal não tem cara

De manhã cedo – cerca de 7 horas – uma senhora pediu um copo d’água no portão de casa. Achei isso muito estranho e mil pensamentos vieram-me à cabeça – ninguém pede água na casa dos outros a essa hora da manhã –, mas, embora receosa, alcancei-lhe a água por entre as grades do portão. Assim que levou o copo à boca e tirou uns três goles, ao mesmo tempo em que segurava o celular como se estivesse falando com alguém, a mulher despencou no chão. Levei um tremendo susto, mais por medo de uma encenação do que pelo fato em si da mulher estar ali caída, possivelmente precisando de ajuda. Corri de volta pra dentro de casa, chamando mais gente e quando retornei, um vizinho já estava socorrendo a mulher.

Assim que acordou do desmaio, ela explicou que é do interior, está doente e faz tratamento de saúde em Cuiabá. Estava procurando a casa onde iria se hospedar, mas acabou se perdendo. O próprio vizinho ligou para uma amiga dela e combinou de deixá-la em um ponto de referência. E eu fiquei ali, condoída, morrendo de remorso e pensando: que mundo é este em que a gente fica com medo de alcançar um copo d’água ou de socorrer uma pessoa que desmaia no portão de nossa casa?

Mas, depois de refletir um pouquinho, concluí que o mundo em que estamos vivendo é esse mesmo. E não combina com a nossa bondade, com o nosso sentimento de compaixão, com o nosso desejo de ajudar.

O perigo está morando cada vez mais perto e bate na nossa porta com a cara mais deslavada do mundo. E, sem qualquer escrúpulo, aposta justamente no nosso coração mole e dele se aproveita para promover o mal.

Então, ainda convém ter cautela. Mesmo que – e isso é muito triste – ao custo de perder uma oportunidade de fazer o bem.


terça-feira, 22 de junho de 2010

Ninguém merece!

Sabe aquela fama que os órgãos públicos têm de atender mal? Pois tem alguns que fazem jus ao conceito com honra ao mérito. Um deles, sem dúvida, é o DETRAN. Lá os servidores parecem não conhecer a palavra servir, de onde deriva sua função. Aliás, no DETRAN o mau atendimento é superdimensionado e eu acho que até o mais tranquilo dos mortais perde a paciência.

Dia desses estive lá, na sede – sim, porque há postos avançados instalados nos shoppings e ao procurar um desses fui surpreendida pela notícia de que ele havia fechado – e peguei a senha de nº 398. Um senhor me deu a senha dele, a 339, pois estava cansado de esperar (estava lá há 1h e ½). Eu também me cansaria se tivesse que esperar mais de 59 pessoas serem atendidas. Porém, com o novo número, logo fui atendida, o que provavelmente teria ocorrido de qualquer forma, porque as pessoas desistiram de aguardar e foram – quase todas – embora.

O mais interessante é que a informação que fui buscar lá foi contestada dias depois por outro funcionário (em ida a outro posto do DETRAN) e eu fiquei sem saber o que fazer. Vou ter que voltar novamente e estou reunindo paciência para tal.

Mas, vou falar, ninguém merece pagar tão caro – qualquer um que tenha um veículo sabe o que destina para o DETRAN anualmente em IPVA, licenciamento, renovação de CNH, transferência, multas... – por um serviço tão ruim.

A droga é que – e isso decerto é o que justifica o abuso – a gente não pode dar um basta e procurar a concorrência, que é o que faríamos se estivéssemos comprando um sapato, uma geladeira ou qualquer outro bem junto a uma empresa privada.

Então, tem que engolir. O que não significa que não se possa reclamar, né?