Acabei de ler A cidade do sol, de Khaled Hosseini, um romance que tem como palco o Afeganistão. Embora fictícia, a história retrata a realidade de uma nação marcada pela violência. Um país que após se livrar da ocupação russa caiu nas mãos do terrorismo talibã e viu suas colinas verdejantes se cobrirem de sangue e desolação.
Não menos real as agruras vividas pelas protagonistas do amargo romance de Hosseini, num país em que uma mulher pode valer tanto quanto uma cabra e cujas funções básicas se resumem a lavar e cozinhar para o marido, bem como aliviá-lo em suas necessidades sexuais, e procriar.
Prometidas ainda meninas, vendidas ou entregues a troco de dívidas, quiçá de bananas, as pobres mulheres do Afeganistão passam a pertencer aos seus maridos que delas podem dispor da maneira que melhor lhes convier. E tudo isso sob o beneplácito do governo e da religião.
Tal qual na ficção, mulheres são agredidas dentro de casa e fora dela pelos motivos mais banais. Praticamente tudo lhes é proibido; portanto praticamente tudo é motivo de punição.
Para nós, ocidentais, é difícil imaginar uma mulher conviver com tantas restrições. Já pensou se tivéssemos que ver o mundo por detrás de uma burca? E se não pudéssemos estudar, nem trabalhar fora? E se para ir ao shopping, à padaria ou mesmo à mercearia da esquina precisássemos da companhia de um mahram (pai, irmão ou marido)? Provavelmente, muitas de nós nesse imenso universo de mulheres que criam seus filhos sozinhas (ou porque estão divorciadas, ou porque foram abandonadas, ou mesmo porque nunca tiveram quem assumisse a paternidade de seus rebentos) morreríamos, junto com nossos filhos, de fome.
As barbaridades cometidas contra as mulheres no Afeganistão, como de resto em uma série de outros países, estão na contramão do processo de evolução da humanidade. E aqueles homens que as cometem, acobertados por leis covardes e pelo radicalismo religioso ignoram o que é o nosso termômetro do bem e do mal: a consciência. A consciência que nos guia e nos diferencia. Dos animais.
Acho que esse livro eu passo... Muito triste.
ResponderExcluirBeijos!
Está ocorrendo uma escalada vertiginosa de suicídio no Afganistão, entre meninas de 10 a 14 anos. Têm queimado o próprio corpo com querozene pois não suportam mais serem tratadas como animais, sem amor, sem carinho, sem razão. O radicalismo da religião, aos poucos, esta levando às mulheres ao suicídio. E o mundo ocidental: o que faz para evitar isso? E nós? Até quando ficaremos calados, escondidos na nossa estupidez? Não serão essas meninas as mães amanhã? Ou nós já não suportamos mais essa condição sublime?
ResponderExcluir