Nesta semana fiquei sabendo que uma pessoa muito querida e por quem tenho muito respeito e admiração deve sair candidata a vereadora em sua cidade nas eleições do ano que vem. Num primeiro momento, me surpreendi com a notícia, porque a gente está se acostumando a achar que a política é terreno restrito aos corruptos e que qualidades como honestidade, integridade e retidão não combinam com esse meio, onde gente séria não sobrevive e se vê obrigada a abandonar o barco antes de ser engolida pelo lamaçal. Mas – pensei em seguida – ela está certa, é isso mesmo que precisamos fazer, nos infiltrar no meio das raposas, para combatê-las.
Está na hora da gente de bem começar a ocupar espaço dentro da panela para iniciar o processo de mudança. A corrupção já consumiu dinheiro demais. Segundo a última edição da Revista Veja, a corrupção drena anualmente dos cofres públicos 85 bilhões de reais, o equivalente a 2,3 % de toda a riqueza produzida pelo país. E a revista dá uma ideia da dimensão dessa verba quando relaciona 10 alternativas para o uso desse dinheiro, entre as quais a erradicação da miséria no Brasil, que tiraria dessa condição 16 milhões de pessoas e ainda sobrariam 5 bilhões de reais, a construção de 36 mil quilômetros de estradas, ou de 28 mil escolas, ou de 33 mil unidades de pronto atendimento, ou de 1,5 milhão de casas populares, ou o custeio de 34 milhões de diárias de UTI...
Como se vê, temos motivos de sobra para nos indignar e para começar a varrer a praga da corrupção para fora do cenário. E estou começando a acreditar que ao invés de torcermos o nariz para a política, temos mais é que engrossar suas fileiras, influindo nas decisões partidárias e contribuindo para construir pilares novos, para que a política deixe de ser sinônimo de astúcia, de esperteza ou de maquiavelismo e se transforme num exercício de cidadania, pautada pela dignidade, pela ética e pela honradez.