Existe muito fundamento quando as pessoas falam que a
política não é para gente de bem; que a política não respeita escrúpulos; que
fazer política é coisa de mafioso. Apoiando um candidato a vereador, tenho
estado um pouquinho mais perto dessa coisa que me venderam como um antro de
corrupção. E que, infelizmente, não é menos do que isso. Vale, portanto, o
preço justo.
Tenho ouvido fatos capazes de ofender os princípios
morais de qualquer cidadão. Nesse mercado, compra-se e vende-se de tudo: votos,
candidaturas, eleitores, cargos. Os preços variam e o produto tanto pode custar
alguns milhares de reais – dizem que tem casos até de contagem em milhões – como
alguns poucos trocados, um tanque de combustível, uma cesta básica e até mesmo
um baguncinha ou uma coca-cola.
É claro que a legislação não permite isso. Mas o
famoso jeitinho brasileiro ajeita tudo. Do mesmo jeito que ajeita tantas outras
violações. E eu acredito que por algum tempo essa promiscuidade que caracteriza
a política ainda se refletirá nos resultados das eleições, porque está
incorporada na cultura de um povo que está acostumado a tirar vantagem em tudo,
sem se importar muito com as consequências.
Mas nem por isso devemos desanimar. Ao contrário,
temos é que combater com mais ênfase essa prática antiga de troca de favores,
começando por agir e exigir de nossos candidatos honestidade e dignidade.
Gente do bem como nós deve manter a firmeza e, antes
de tudo, a esperança. Esperança de que é possível melhorar a saúde, a educação,
o bairro em que vivemos, a cidade, o país. Esperança de que a vida possa, de
fato, ter mais valor que o dinheiro. Esperança de que ser honesto, digno e
honrado não seja motivo de envergonhar. E sim de orgulhar.