Tenho um amigo que costuma dizer que não faz
caminhada porque caminhar engorda. “Pelo menos, eu só vejo gente gorda fazendo
caminhada”, brinca ele, que, ao contrário do que diz, é adepto do esporte e faz
longos percursos no seu tempo livre.
Brincadeiras à parte, “caminhar é a mais simples de
todas as atividades físicas e uma forma surpreendentemente eficaz de emagrecer
e tonificar o corpo”, conforme estudos realizados em centros de pesquisas de
vários países.
Até eu, que prefiro me exercitar girando o controle
da TV ou movendo o mouse do computador ou folheando um livro ou ficando à toa, esparramada
numa cadeira de fio, na cama ou no sofá, estou aderindo à prática. Os meus
motivos são: não enferrujar, consumir as calorias presentes nas minhas porções
diárias de chocolate, capuccino e docinhos diversos e – insisto – não
enferrujar, porque, convenhamos, é chato, senão trágico, quando você começa a
ouvir “crec” cada vez que movimenta a perna, o braço, ou mexe o pescoço. Parece
que vai começar a quebrar.
Pois nessas caminhadas que, no meu caso, acontecem de
manhã cedo, no parque, a gente vê um pouco de tudo; gente feia, gente bonita, gente
nova, gente velha, gente magra, (muita) gente gorda, gente vestida
adequadamente, gente que parece que esqueceu de tirar o pijama, gente charmosa,
gente espalhafatosa e, o pior de tudo: quanta gente mal humorada!
Não sei os motivos que tiram o humor dessas pessoas,
se acordar cedo, se o próprio exercício de caminhar, se a natureza delas. O que
sei é que elas estão no contraponto de outras, que transpiram alegria que
sorriem, que dão bom dia, que parecem ter mais leveza no andar.
Caminhar virou quase uma obrigatoriedade. Por trás do
compromisso, geralmente está uma ordem médica, enérgica e implacável. É claro
que também tem os que gostam de aderir aos modismos, os que querem impressionar
alguém, os que “vou porque o fulano está indo”. Mas, que a moda pegou, pegou.
E o melhor da festa vem depois, quando a gente faz
uma parada na padaria para comprar pão quentinho. Afinal, ninguém é de ferro,
né?