Por conta de uma transferência de titularidade, não
recebi a fatura e, por um descuido, não fiz o pagamento da conta da Sky. Sem
medo de cometer exagero, me senti caçada feito um animal, ou mesmo um bandido
que cometeu uma atrocidade. Em menos de 20 minutos recebi cobrança por e-mail, por
telefone, por mensagem no celular e pela tela da televisão.
Fiquei com medo de sair à sacada e me deparar com um
balão sobrevoando o prédio onde moro com a mensagem padrão: “Senhora Loreci, não
identificamos o pagamento da sua fatura. Regularize seu pagamento sob pena de
perder o sinal”.
Na porta da rua, recuei. – E se a polícia federal
está me aguardando do lado de fora do portão? – pensei e minha imaginação até
construiu uma barricada de artilharia pesada do outro lado da rua. A essas
alturas eu já estava em pânico e com medo até de sair do lugar. Mas reagi,
respirei fundo e providenciei o pagamento imediatamente.
Parece brincadeira, mas não é. Na verdade, é muito
sério isso. É uma forma tão intimidadora de cobrança que dá até raiva. Aliás,
acho que a gente paga, mesmo, é de raiva.
Essa história me remeteu a uma outra, quando tive a
infeliz ideia de financiar um veículo para outra pessoa. Junto com o
financiamento, assumi uma parcela extra de raiva todo mês. O indivíduo não
pagava a fatura e quem era cobrada era eu. Passava a maior parte do mês
recebendo ligações em casa, no trabalho, na casa dos outros, quando não, sendo
incluída no cadastro do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).
Essa situação vexatória se prolongou por vários
meses, até o veículo ser quitado, porque a pessoa em questão não conseguia
transferi-lo para seu nome, por motivos óbvios.
E chego à conclusão agora que provavelmente é para
esse tipo de mau pagador que a estratégia de cobrança da Sky é dirigida, embora
eu duvide de sua eficácia, porque ela intimida gente como eu, que paga suas
contas em dia. Caloteiros do tipo desse meu amigo não se amedrontam nem se
alvoroçam quando cobrados. No máximo, caso se sintam constrangidos, processam
os autores da cobrança e reclamam danos morais.