Eu tenho um amigo que toda vez que ficava um tempo sem
notícias minhas, me mandava uma mensagem bem objetiva: “Morreu, Lô?”.
Pois, agora, foi ele quem sumiu do mapa. Sumiu do
Facebook, do Whatsapp, do Google... E eu devolvi a pergunta: “Morreu?”.
Não tardou para ele responder. Não morreu, não, o
danado. Está vivinho da silva: “Arrumei uma namorada, Lô, e não tenho mais
tempo para nada”.
Ainda não conheço todos os detalhes desse romance,
mas o pouco que sei já faz dele uma história e tanto: trata-se de um reencontro
após 34 anos. Ele está viúvo, ela, divorciada.
Em seu casamento anterior, ele foi muito feliz com
sua Amélia. Sim, ela era literalmente uma Amélia, no jeito e também no nome. O
mesmo não ocorreu com a namorada, que viveu um relacionamento infeliz do qual
somente agora conseguiu se libertar.
Filhos criados, três ou quatro netos, ele – ela não
sei – ainda está em atividade como professor, porém sem poupar tempo para se
dedicar a esse romance que lhe faz reviver os amores e os ardores da adolescência.
Reconhecendo-se apaixonado, ele está tratando de aproveitar essa paixão até a
última gota. Por isso, outras atividades foram para o final da fila. As mídias
sociais, por exemplo, que ele não tem mais tempo de atualizar. O que merece a
minha admiração, numa época em que muitos estão tão preocupados em mostrar para
os outros os registros de sua vida amorosa que se esquecem de viver sua própria
felicidade.