quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Só pra FIFA ver


Passei cedo pela avenida, em direção ao centro da cidade, e... Que grata surpresa! A avenida estava repleta de policiais. Em cada esquina, dois, três, quatro policiais, às vezes acompanhados de um carro, às vezes, de uma moto. “Ufa – pensei – até enfim os nossos apelos foram ouvidos. Pelo jeito, está começando hoje uma cruzada contra a violência em Cuiabá. E já não era sem tempo”. Fiquei imaginando a cara das pessoas que não estavam vendo essa cena quando eu contasse para elas. Vi seus risos. E me vi rindo. Junto com elas. Mas, a sensação durou pouco. Quando retornei, as faixas na rua me acordaram. Do sonho. O policiamento não era para nós, cidadãos cuiabanos. Os policiais não estavam ali para proteger a mim. Nem a você. Nem aos nossos filhos. Eles estavam ali de enfeite. Foram recrutados para ornamentar a rua. Para impressionar os técnicos da equipe FIFA/CBF que vieram verificar as condições de Cuiabá ser subsede da Copa de 2014. E talvez eles se surpreendam. Como eu me surpreendi. Mas, se eu tivesse chance, lhes diria, bem ao pé do ouvido: “voltem amanhã, ou depois, ou um dia qualquer. Para ver a Cuiabá real. A Cuiabá que não tem um policial na rua. A Cuiabá que nunca tem efetivo para combater o crime. A Cuiabá com a qual a gente convive com a violência. Todo dia”.

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