Tenho uma amiga que está tentando seguir
carreira no mundo da moda. Ela é bonita, corpo enxuto, desfila superbem, porém
é morena. Esse “porém” está lhe criando uma dificuldade medonha para entrar no
mercado. Preconceito velado? Não. Preconceito declarado. “Você é muito morena”,
disseram-lhe. Com todas as letras. E ninguém ficou vermelho ao dizer isso.
Essa história não aconteceu na Alemanha,
nem na Itália, nem na Áustria. Foi aqui no Brasil mesmo, um país que tem na
miscigenação um aspecto tão peculiar de sua cultura. Um país onde, desde a
época colonial, se misturam brancos, índios e negros, originando tipos étnicos
como caboclos, mulatos, mamelucos e cafuzos. Tipos que não estão só nas páginas
dos livros de história. Tipos que estão na ruas, que são nossos vizinhos,
nossos colegas, nossos parentes. Tipos que são, na verdade, quase a metade da
população brasileira.
É lamentável, mas o preconceito racial
ainda é uma coisa tão forte que assusta. “Só eu sei o que passei por conta de
ser negro”, contou-me um amigo que sente na pele, até hoje, o peso da cor. E
eu, branca que sou, me surpreendo. E penso que a elevação moral da sociedade é
tão lenta que permite fomentar a crença de que a matriz racial torna alguns
seres superiores aos outros. E isso me entristece. E me faz concluir que Hitler
não morreu. Um pedacinho dele reina no coração de muitos de nós.
Uau!
ResponderExcluirClap clap clap...
Muito bom o texto! Adorei!
Mas realmente, muito triste saber que muitos de nós têm um Hitler no coração... =/
Fico VERMELHA de vergonha e ROXA de raiva com essas coisas!
ResponderExcluirE aí, alguém tem preconceito contra essas cores também?