Estou há uma semana tentando resolver o
problema de um controle de um aparelho de ar condicionado que parou de
funcionar. Já fui cinco vezes até a loja e continuo sem o controle e sem poder
ligar o aparelho. Fora as ligações telefônicas, mais de quatro vezes só hoje.
Ora o técnico saiu, ora não pode atender, “mas, fique tranquila que ele vai
ligar para a senhora”. E eu me tranquilizei. Tanto que, quando me dei conta, o
dia tinha terminado e não restava mais nada a fazer.
Agora, pensando aqui com meus botões, a
ficha caiu: é claro que isso acontece porque eu sou mulher. Com certeza, se
fosse um homem, o tratamento seria outro. Acho que um homem não se sujeitaria a
isso. Ele já teria “quebrado o pau”, por telefone ou pessoalmente. E as pessoas
sabem disso. Então, os abusos sobram para nós, mulheres. Tenho visto muito
disso por aí. Aliás, tenho sido alvo constante dessas diferenças. Posso citar
vários exemplos: um dono de empresa de comunicação visual que segura o
pagamento de comissões de serviços, outro que paga abaixo do combinado, um
prestador de serviço que faz o trabalho pela metade, e por aí afora.
É sério, gente! Tão sério que às vezes
penso que o melhor seria contratar um homem para cuidar de tudo para mim e, por
extensão, me defender da discriminação. É claro que tem as exceções. E elas
lavam a alma da gente. E servem para indicar que nem tudo está perdido. Que
ainda é possível construir um mundo de maior respeito para com as mulheres.
Para o bem delas. E dos homens também.