domingo, 29 de novembro de 2009

Pai é pai tanto quanto mãe é mãe


Conversando sobre o abandono de filhos por parte dos pais, minha filha fez um comentário que achei interessante reproduzir aqui: “as pessoas acham um absurdo quando uma mãe abandona o filho, mas quando se trata do pai, parece que é normal”. Eu falei que isso por certo se devia ao fato de que é muito comum os pais abrirem mão dos filhos, deixando-os ao encargo das mães. Com o que ela não concordou: “nada, isso é preconceito mesmo!”.

Fiquei pensando a respeito e concluí que é mesmo verdade. Sempre que a mídia expõe uma notícia em que uma mãe abandona uma criança, a consternação é geral. O mundo inteiro “cai de pau” em cima da mulher. E sobre o homem, nada? Não deveria ter um pai também na história? Ah, isso parece não fazer diferença nenhuma. É como se os nenês fossem responsabilidade só da mãe.

É mesmo impressionante como os homens se safam bonito desse compromisso. Muitas vezes sob aplausos das próprias mães, irmãs, tias, namoradas. Você duvida? Pois saiba que eu já perdi a conta do tanto de mulheres que já vi atormentar maridos, filhos ou namorados para reduzir a atenção ou mesmo cortar os laços com seus rebentos de outros relacionamentos. Não pagar a pensão, atualmente está fora de cogitação porque, felizmente, a lei está sendo cumprida à risca. Mas já foi motivo de muita rixa.

O que precisa mudar é a cabeça das pessoas no sentido de que um filho é fruto de dois. De dois irresponsáveis, se for o caso. Mesmo que se trate de uma prostituta, de uma mulher que usa roupa curta ou de alguém que sai com homens casados. Não importa, sempre tem um homem na outra ponta. E a ele cabe responder na mesma medida. Não é?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Os buracos e a corrupção


Dirigindo a noite em uma avenida por onde circulam diariamente milhares de veículos, um dos buracos me pegou desprevenida e... – Foi-se o pneu - gritei, – emendando um palavrão. Felizmente, há poucos dias comprei um pneu novo para substituir, junto com o estepe ainda zerado, os pneus da frente do carro, deixando dois velhos na traseira, conforme receitinha antiga passada pelos mais entendidos. Pois bem, não fossem meus pneus novos, decerto que me juntaria aos três motoristas (isso mesmo, três!) que trocavam os seus naquele trajeto, sob a fraca iluminação da rua e os borrifos de lama pós-chuva que cobria o asfalto. – Droga – cuspi outro palavrão – o período das chuvas mal começou por aqui e as ruas já estão virando queijo suíço. Vai ser duro chegar ao final da temporada.

Só que os buracos das ruas não são culpa da chuva, não. Eles são resultado dessa corrupção bandida a que o país se habituou a conviver e que se interpõe entre a verba real e a obra propriamente dita. E que deixa nesse trajeto o maior quinhão, restando para a execução do projeto apenas uma quirelinha do dinheiro. O asfalto bom e resistente que a gente merece e deveria reivindicar – não fôssemos um bando de otários que assiste passivamente a essa sem-vergonhice – fica restrito ao papel e serve de base apenas para levantar os recursos. A obra mesmo fica só na capinha.

Não é diferente com a saúde, com a educação, com a segurança, áreas tão esburacadas quanto o asfalto das ruas. E tudo por conta de sermos um país que aceita manter essa corja de corruptos, sorvendo, tal qual abelha no mel, e se empanturrando com os frutos da corrupção. Um país que tem, na outra ponta, uma legião de expectadores, um bando de frouxos, cujo poder de mudar depende apenas e tão somente de acordar.