Dirigindo a noite em uma avenida por onde circulam diariamente milhares de veículos, um dos buracos me pegou desprevenida e... – Foi-se o pneu - gritei, – emendando um palavrão. Felizmente, há poucos dias comprei um pneu novo para substituir, junto com o estepe ainda zerado, os pneus da frente do carro, deixando dois velhos na traseira, conforme receitinha antiga passada pelos mais entendidos. Pois bem, não fossem meus pneus novos, decerto que me juntaria aos três motoristas (isso mesmo, três!) que trocavam os seus naquele trajeto, sob a fraca iluminação da rua e os borrifos de lama pós-chuva que cobria o asfalto. – Droga – cuspi outro palavrão – o período das chuvas mal começou por aqui e as ruas já estão virando queijo suíço. Vai ser duro chegar ao final da temporada.
Só que os buracos das ruas não são culpa da chuva, não. Eles são resultado dessa corrupção bandida a que o país se habituou a conviver e que se interpõe entre a verba real e a obra propriamente dita. E que deixa nesse trajeto o maior quinhão, restando para a execução do projeto apenas uma quirelinha do dinheiro. O asfalto bom e resistente que a gente merece e deveria reivindicar – não fôssemos um bando de otários que assiste passivamente a essa sem-vergonhice – fica restrito ao papel e serve de base apenas para levantar os recursos. A obra mesmo fica só na capinha.
Não é diferente com a saúde, com a educação, com a segurança, áreas tão esburacadas quanto o asfalto das ruas. E tudo por conta de sermos um país que aceita manter essa corja de corruptos, sorvendo, tal qual abelha no mel, e se empanturrando com os frutos da corrupção. Um país que tem, na outra ponta, uma legião de expectadores, um bando de frouxos, cujo poder de mudar depende apenas e tão somente de acordar.
Cada texto fica melhor que o anterior... =)
ResponderExcluirAdorei!