Eu sempre tive lá minhas pendengas com os assuntos de ordem religiosa. Nasci e me criei católica. Fui batizada, crismada e fiz a primeira comunhão, tudo dentro dos conformes. Mas, confesso que nunca me conformei muito com os trâmites do catolicismo. A pior parte era a bendita confissão. Eu tinha a maior dificuldade para inventar um pecado para contar ao padre. Inventar, sim, porque não? Quantos pecados pode cometer uma criança que não mata, não rouba, não cobiça, não levanta falso testemunho, etc?
Quantas vezes me peguei suando frio na fila do confessionário, pensando nalgum pecado que pudesse ser usado para obter o perdão do padre. “Perdoe-me porque pequei padre; briguei com meu irmãozinho”. Não, esse eu já tinha usado na vez anterior. “Desobedeci minha mãe?”. Esse era um bom pecado, mas isso, de fato, não tinha acontecido. O jeito era apelar para o “falei nome feio”, que sempre caía bem, mesmo que eu não tivesse pronunciado sequer um “puta que pariu”.
A confissão traumática, a cantilena repetitiva das missas, entre outras coisinhas, terminaram por me desviar do caminho. Um caminho que estou reencontrando aos poucos através de outras crenças. Uma delas, a da reencarnação.
Mais espiritualista do que propriamente espírita, penso que o fenômeno da reencarnação explica as tantas diferenças entre os homens, as afinidades, as divergências, as vontades não satisfeitas, as anomalias, as misérias extremas.
Creio que estejamos todos sujeitos à mesma balança. E que todo o mal praticado haverá de ser compensado pelo bem, senão nesta, em uma outra oportunidade, que nos é dada através da reencarnação.
Isso me parece muito justo e espero, através do estudo, conseguir fazer com que essa linha de pensamento seja determinante nos meus atos, pelo menos na maioria deles. Ou até onde a minha ignorância permitir.