domingo, 26 de setembro de 2010

Porque acredito em reencarnação

Eu sempre tive lá minhas pendengas com os assuntos de ordem religiosa. Nasci e me criei católica. Fui batizada, crismada e fiz a primeira comunhão, tudo dentro dos conformes. Mas, confesso que nunca me conformei muito com os trâmites do catolicismo. A pior parte era a bendita confissão. Eu tinha a maior dificuldade para inventar um pecado para contar ao padre. Inventar, sim, porque não? Quantos pecados pode cometer uma criança que não mata, não rouba, não cobiça, não levanta falso testemunho, etc?

Quantas vezes me peguei suando frio na fila do confessionário, pensando nalgum pecado que pudesse ser usado para obter o perdão do padre. “Perdoe-me porque pequei padre; briguei com meu irmãozinho”. Não, esse eu já tinha usado na vez anterior. “Desobedeci minha mãe?”. Esse era um bom pecado, mas isso, de fato, não tinha acontecido. O jeito era apelar para o “falei nome feio”, que sempre caía bem, mesmo que eu não tivesse pronunciado sequer um “puta que pariu”.

A confissão traumática, a cantilena repetitiva das missas, entre outras coisinhas, terminaram por me desviar do caminho. Um caminho que estou reencontrando aos poucos através de outras crenças. Uma delas, a da reencarnação.

Mais espiritualista do que propriamente espírita, penso que o fenômeno da reencarnação explica as tantas diferenças entre os homens, as afinidades, as divergências, as vontades não satisfeitas, as anomalias, as misérias extremas.

Creio que estejamos todos sujeitos à mesma balança. E que todo o mal praticado haverá de ser compensado pelo bem, senão nesta, em uma outra oportunidade, que nos é dada através da reencarnação.

Isso me parece muito justo e espero, através do estudo, conseguir fazer com que essa linha de pensamento seja determinante nos meus atos, pelo menos na maioria deles. Ou até onde a minha ignorância permitir.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nostalgia

Hoje amanheci com vontade de fazer poesia. E fiz:

Era de manhã e
Por sobre o muro veio o cheiro de relva molhada,
Evocando lembranças,
Atiçando saudades
De um tempo que não volta,
Jamais.
Bisbilhoteira,
Espiei pelo portão de bronze recortado.
Sem que me vissem,
Meninos corriam por entre as árvores do jardim florido.
Meninos travessos,
Meninos danados.
Ora anjos endemoninhados,
Ora demônios angelicais,
Eu os invejei.
O que será que eles têm
Que eu não tenho mais?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Os tempos mudaram

As pessoas da minha geração foram educadas para tratar os adultos por Senhor ou Senhora. Isso valia para os pais, os avós, os tios, os vizinhos, enfim, para todo mundo. E era sinônimo de respeito.

Hoje, chamar de senhora uma mulher de 40 anos ou mais é quase uma ofensa. Isso vale para os filhos, para os sobrinhos, para os amigos dos filhos e até mesmo para os atendentes de loja, para o cabeleireiro, para o padeiro.

É delicioso ser tratada de você, principalmente se do outro lado está alguém jovem e cheio de vida, pois é assim que nós – as cinquentonas e outras onas – nos sentimos. Se nos chamarem de moça, então, é a glória.

Já foi o tempo em que idade madura era igual uma cadeira de balanço, mais um par de óculos e uma peça de crochê.

E para quem pensa que chamar uma vovó de você é falta de respeito, está na hora de se modernizar. Aliás, acho que as pessoas que mexem com o público em suas ocupações deveriam atentar para esse aspecto e substituir o envelhecido e desgastado senhora pelo jovial e contemporâneo você. Uma mudança de tratamento que senhora nenhuma, por mais emburrada que esteja, irá resistir.