sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Porta aberta para o Ano Novo


Ano Novo é sempre Ano Novo. As esperanças se renovam. As expectativas se redobram. É como se a gente ingressasse num mundo novo. É uma coisa assim quase palpável. É como se ali no fim do ano tivesse uma porta que se fecha no dia 31 e se abre no dia 1º como um amanhecer cheio de luz. E, atrás da porta, aguardando a nossa passagem, uma imensidão de potes coloridos, contendo cada qual os nossos desejos, dos mais singelos aos mais ardentes: boa saúde, sucesso profissional, projetos bem sucedidos, emprego novo, carro do ano, casa própria, mais dinheiro, harmonia no lar, um filho, um novo amor, uma grande paixão...

Só que, mal a porta se abre, a rotina se instala novamente, e os desejos – senão todos, a maior parte deles – são devolvidos ao pote e engavetados para o ano seguinte.

Mas, isso pouco importa diante da intensidade desse período de festas, que nos enche de alegria e nos remete a uma temporada de boas vibrações. Uma temporada de férias aos maus pensamentos, às preocupações, às energias negativas.

E vamos combinar, que isso faz um bem danado ao coração, ah faz.

Que se abra, pois, a porta e que ela nos revele, de imediato, um mundo novo. Um mundo sem tantas fronteiras. Um mundo em que as pessoas se mantenham “acima da cobiça, do ódio e da brutalidade” (Charles Chaplin). Um mundo mais fraterno. Um mundo mais humano. Um mundo infinitamente melhor para se viver.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A Fila de Natal do vovô

Em todos os natais, meu pai presenteia os netos com uma nota que atualmente é de R$ 100,00. Eu não lembro bem, mas isso começou há 19 ou 20 anos, quando minhas filhas eram pequeninhas. Na época, eu e meus quatro irmãos nos reuníamos todos os finais de ano na casa dos meus pais, em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul.

E foi lá que, num certo Natal, meu pai mandou os netos fazerem uma fila e deu a cada um uma nota Cr$ 5,00 (5 cruzeiros). Daí em diante a Fila virou uma tradição e também uma atração, documentada por inúmeras fotos que retratam o evento ano a ano.
Teve um Natal que passamos (quase) todos na praia e a fila teve um sabor especial de mar. Em outra ocasião, a nota foi convertida em dólar. Com o nascimento dos gêmeos, filhos da minha sobrinha, os bisnetos também passaram a fazer parte da Fila. E no seu aniversário de 80 anos (hoje ele está com 84), fomos nós, os filhos, que invertemos o processo e, em fila, oferecemos a ele uma nota.
Neste ano, os netos e bisnetos vão estar espalhados entre Santo Ângelo, Porto Alegre, Curitiba e Cuiabá. E em cada lugar desses vai acontecer uma Fila de Natal do vovô.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

As cucas da Dona Othilia

Final de ano. Natal. Ano Novo. Ai que saudades das cucas da Dona Othilia!

Dona Othilia era minha mãe e das suas mãos cheias de farinha brotavam umas cucas que, vou te falar, eram maravilhosas. Suas cucas eram fofas, fartamente recheadas com cremes de diferentes cores e sabores e salpicadas de farofa doce.

Se tinha uma coisa que ela não gostava de economizar era nas guloseimas que preparava para esperar os filhos e os netos nas festas de final de ano. Então, nos empanturrávamos de suas cucas, seus pavês, seus sorvetes caseiros, suas Marta Rocha, seus rocamboles...  

À comilança se misturavam outros ingredientes: a alegria dos reencontros, a algazarra da criançada, a farra entre irmãos, o Papai Noel, os presentes de Natal.

Que saudades do Natal na casa da Dona Othilia!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O peso de ter que perder peso





Expostas nas bancas, nas prateleiras dos supermercados e das lojas de conveniências, as revistas nos massacram com suas repetitivas chamadas de capas:

Dieta Antigordura: para ficar magra de vez

Seque as gordurinhas

Queime calorias mais rápido

Perca peso em duas semanas

Caminhada seca-barriga

Perder peso, para quem tem muito, é mesmo uma questão de saúde. Mas, a meu ver, isso já está virando terrorismo. Ser magra virou uma obrigação.

Aliás, essa expressão PERDER PESO está totalmente fora de moda. “Quem perde, acha”, justificam os que defendem a idéia. Então, podemos substituir o termo PERDER por ELIMINAR. Assim, acho que fica de bom tamanho (?). Apesar de que é mais top usar o verbo SECAR.

É claro que alimentação virou sinônimo de saúde. Ou vice e versa. E a obesidade deve ser evitada a todo custo. Porque a gordura excessiva é muito mais do que um problema estético, já que predispõe o organismo a uma série de doenças, além de limitar os movimentos do corpo e facilitar a contaminação por fungos e a degeneração de articulações, entre outros inconvenientes.

Mas, daí a fixar um único padrão é exagero. Um pouco de equilíbrio aí nessa história vai cair bem.  E cá pra nós, nada melhor do que cada qual procurar viver de bem consigo mesmo, independente de seus quilinhos a mais, sem culpa e sem neuroses, deixando – isso, sim, é legal – transparecer a beleza que está dentro de cada um de nós.

Ser magra não precisa ser obrigação. E nem obsessão.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Gorjetas, esmolas e conselhos


Sempre que posso, dou uma gorjeta ao empacotador do supermercado, ao entregador de água, ao entregador de medicamentos... Vejo nisso uma maneira de valorizar o seu trabalho e de contribuir para aumentar a sua renda, além de estimular seu gosto pelo trabalho.

Ao contrário, não costumo dar dinheiro assim, de graça, a quem acha mais fácil só pedir, sem oferecer nada em troca. É uma questão de princípios e mesmo que não seria justo para com aqueles lá e os outros tantos que compõem a massa economicamente ativa desse país.

É óbvio que não estou falando de caridade e sim do oportunismo praticado nas ruas, nos semáforos, nas portas de bancos e mesmo nos portões das nossas casas, onde os pedidos de dinheiro se sucedem, com as mais esfarrapadas desculpas: voltar para a terra natal, fazer o velório da filha, comprar o caixão da mãe, comprar fraldas geriátricas... E isso me lembra uma piada que é mais ou menos assim: 

O mendigo chega para uma senhora e pede uma esmola. Ela diz a ele: - Em vez de ficar pedindo esmolas, por que não vai trabalhar? - Dona... - retruca o mendigo - Estou pedindo esmola e não conselhos!