Ao
contrário dos meus irmãos, que começaram a dirigir muito cedo, eu nunca tive
interesse por carros. Enquanto eles, os homens, mal saídos das fraldas já
estavam com o pé no acelerador, nós, as mulheres, resistíamos até o último momento
para pegar no volante.
Pois,
quando o meu momento chegou, ou seja, quando dirigir passou a ser uma
necessidade para facilitar a minha vida e a da minha família, tinha
desenvolvido uma aversão tão grande que as aulas de direção se transformaram em
uma agonia. Tanto que eu desisti nas primeiras tentativas, para retomar mais
tarde, com muito mais horror.
Mas
eu consegui tirar a primeira habilitação, depois de muitas horas de pânico e
ansiedade. Entretanto, na primeira barbeiragem – uma acavaladinha no muro ao
lado do portão da garagem – eu dependurei as chaves e suspendi minha carreira
de motorista.
A
suspensão durou um bom tempo, até eu me convencer que não tinha escapatória. Ou
eu dirigia o carro que estava na garagem ou eu me adaptava ao péssimo serviço
de transporte, com todos os seus inconvenientes, como as longas esperas nos
pontos de ônibus, calor excessivo e a raiva provocada pela má educação de
muitos usuários, cobradores e motoristas.
Entre
um e outro, optei pelo carro. Nos primeiros tempos, minhas pernas tremiam do
começo ao fim da viagem e minha testa ficava empapada de suor frio. Chegava em
casa com o corpo inteiro doendo de tanta tensão e repetindo o refrão de que não
tinha nascido para aquilo. Só que, quando me dei conta, estava xingando e
gritando palavrões no trânsito. E aí não tinha mais dúvida, eu tinha virado
motorista.
Ah, minha amiga... me lembro bem daqueles tempos em que trabalhávamos juntos na FIEMT, e vc não sabia dirigir. Um absurdo para uma mulher tão autônoma e prática como vocÊ.
ResponderExcluirO medo de dirigir a gente só perde dirigindo (este recado é para quem ainda não dirige, obviamente)
Muito bom, principalmente o final do texto. hehe
ResponderExcluirTenho muito orgulho da minha mãe! Sempre se superando e nos surpreendendo! =]
ResponderExcluirrsrsrs Eu só tirei habilitação quando tive condições de comprar meu primeiro carro. Que tormento... Voltar para casa depois de um dia duro de trabalho e enfrentar um trânsito louco, fazia com que eu também chegasse muito tensa em casa... Com o tempo perdi esse medo, mas me aborreço muito no trânsito com a falta de educação e delicadeza das pessoas... Que triste! As vezes tenho até vontade de "morder o cotovelo" de raiva!!! rsrsrs
ResponderExcluirEu só virei motorista depois que a minha esposa faleceu. Conclusão: por pura necessidade.
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