Quando
eu era menina a rua era, sim, das crianças. A rua – eu me lembro muito bem
disso – era o nosso palco de diversões. Ali formávamos uma roda imensa que
tomava toda a largura da rua e então ficávamos girando, cantando nossas cantigas
favoritas:
“Ciranda Cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar”
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar”
“Terezinha de Jesus deu uma queda
Foi ao chão
Acudiram três cavalheiros
Todos de chapéu na mão”
Foi ao chão
Acudiram três cavalheiros
Todos de chapéu na mão”
E
logo aparecia uma bola e a brincadeira mudava para um jogo, que podia ser queimada
ou vôlei. E já estávamos pulando corda, jogando amarelinha, brincando de
estátua, de passa-anel, de pega-pega...
Quando
chovia, nos divertíamos nas enxurradas, deslizando junto com a água, fazendo
diques de pedra nas sarjetas e tentando equilibrar barquinhos de papel na
correnteza.
As
brincadeiras varavam a tarde, entravam na noite, até que as mães enfiavam as
cabeças para fora das portas para nos chamar para jantar. Nenhuma delas se
preocupava, porque sempre havia uma delas de olho.
A
violência, o trânsito, o isolamento das pessoas e todos os perigos das cidades
enxotaram as crianças das ruas. E tiraram um tanto da graça de ser criança.
Como mudou, as vezes nem sabemos como devemos agir com nossos filhos. As brincadeiras são diferentes, hoje basicamente com jogos eletronicos e computadores e acabamos deixando tudo isso para evitar que elas vão brincar na rua! Sim, pois acontece tanta coisa e ficamos apavorados tentando proteger. Tempo bom que não volta atrás, tempo bom que queria que pudessem ter a oportunidade de viver!
ResponderExcluirÉ muita coisa melhorou de lá pra cá, mas tudo isso que vc postou, definitivamente, dá uma saudade!
ResponderExcluirAo ler me veio lembranças agradáveis. Ao que tudo indica, as mesmas brincadeiras existiam em todo o pais, pois o mesmo fazíamos em Belo Horizonte, MG. Lembro que o nosso mundo era imenso, o nosso bairro ficava pequeno diante de nossas andanças. Nós éramos livres.
ResponderExcluirMelhorou ou piorou: tenho dúvidas se podemos falar nesses termos. O processo é contínuo, e avaliar quando se está dentro tende a ser parcial, incompleto. De qualquer forma, acho que posso dizer que peguei as "duas fases". Até os 13 vivia na rua. Depois disso, passei pro quarto. Concluo - não para chegar ao fim - que ambas infâncias foram interessantes.
ResponderExcluirComum e previsível podem ser disfarces para a complexidade, Loreci. Ah, hehe, pode deixar que lhe convido para o próximo.
Abraço.
Ficou uma graça o desenho!
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