terça-feira, 12 de junho de 2012

A rua era das crianças



Quando eu era menina a rua era, sim, das crianças. A rua – eu me lembro muito bem disso – era o nosso palco de diversões. Ali formávamos uma roda imensa que tomava toda a largura da rua e então ficávamos girando, cantando nossas cantigas favoritas:

“Ciranda Cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar”

“Terezinha de Jesus deu uma queda
Foi ao chão
Acudiram três cavalheiros
Todos de chapéu na mão”

E logo aparecia uma bola e a brincadeira mudava para um jogo, que podia ser queimada ou vôlei. E já estávamos pulando corda, jogando amarelinha, brincando de estátua, de passa-anel, de pega-pega...

Quando chovia, nos divertíamos nas enxurradas, deslizando junto com a água, fazendo diques de pedra nas sarjetas e tentando equilibrar barquinhos de papel na correnteza.

As brincadeiras varavam a tarde, entravam na noite, até que as mães enfiavam as cabeças para fora das portas para nos chamar para jantar. Nenhuma delas se preocupava, porque sempre havia uma delas de olho.  

A violência, o trânsito, o isolamento das pessoas e todos os perigos das cidades enxotaram as crianças das ruas. E tiraram um tanto da graça de ser criança.

5 comentários:

  1. Como mudou, as vezes nem sabemos como devemos agir com nossos filhos. As brincadeiras são diferentes, hoje basicamente com jogos eletronicos e computadores e acabamos deixando tudo isso para evitar que elas vão brincar na rua! Sim, pois acontece tanta coisa e ficamos apavorados tentando proteger. Tempo bom que não volta atrás, tempo bom que queria que pudessem ter a oportunidade de viver!

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  2. É muita coisa melhorou de lá pra cá, mas tudo isso que vc postou, definitivamente, dá uma saudade!

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  3. Ao ler me veio lembranças agradáveis. Ao que tudo indica, as mesmas brincadeiras existiam em todo o pais, pois o mesmo fazíamos em Belo Horizonte, MG. Lembro que o nosso mundo era imenso, o nosso bairro ficava pequeno diante de nossas andanças. Nós éramos livres.

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  4. Melhorou ou piorou: tenho dúvidas se podemos falar nesses termos. O processo é contínuo, e avaliar quando se está dentro tende a ser parcial, incompleto. De qualquer forma, acho que posso dizer que peguei as "duas fases". Até os 13 vivia na rua. Depois disso, passei pro quarto. Concluo - não para chegar ao fim - que ambas infâncias foram interessantes.

    Comum e previsível podem ser disfarces para a complexidade, Loreci. Ah, hehe, pode deixar que lhe convido para o próximo.

    Abraço.

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