Nas proximidades da minha casa, acaba de “se
instalar” mais um ambulante do ramo de alimentos. Ele estacionou o reboque na
beira da praça e ali oferece pastéis e caldo de cana. Desde cedo, ele está por
ali, tal qual estivesse em sua própria casa, sentado numa cadeira, com as
pernas apoiadas em outra, aguardando a clientela. O meu olhar desconfiado que
já tentou espiar para dentro da barraquinha, duvidou da qualidade do que se
serve ali.
Um pouco mais à frente, aos sábados e domingos, uma
moça vende frango assado. Com os franguinhos já girando na máquina de assar,
ela varre o entorno, espantando os pombos e levantando poeira. Poeira que
certamente vai se depositar, uma parte dela, sobre os assados.
Tem também o vendedor de espetinhos, o de cachorro
quente, o de baguncinha, a maior parte deles sem ter sequer uma bacia com água
para lavar as mãos, que dirá água corrente, como manda a cartilha de boas
práticas de higiene da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
As boas práticas são cobradas à exaustão dos empreendimentos
legalizados, com seus donos sendo obrigados a se adequar constantemente às
normas, cada vez mais exigentes, voltadas a preservar a saúde dos consumidores,
através do consumo de alimentos saudáveis.
No entanto, a fiscalização é totalmente invigilante
quando se trata do comércio informal, que prolifera muito à vontade diante dos
olhos compassivos das autoridades e da própria sociedade. As pessoas pensam
mais ou menos assim: ah, coitado, deixa ele ganhar o dinheirinho dele! É uma espécie
de compaixão que fala mais alto e permite que qualquer um venda qualquer coisa
em qualquer lugar sob quaisquer condições.
E quanto aos micróbios, a poeira e as impurezas todas
que vão junto com a comida? Ah, essas são por conta da casa!