domingo, 26 de maio de 2013

Tempero extra


Nas proximidades da minha casa, acaba de “se instalar” mais um ambulante do ramo de alimentos. Ele estacionou o reboque na beira da praça e ali oferece pastéis e caldo de cana. Desde cedo, ele está por ali, tal qual estivesse em sua própria casa, sentado numa cadeira, com as pernas apoiadas em outra, aguardando a clientela. O meu olhar desconfiado que já tentou espiar para dentro da barraquinha, duvidou da qualidade do que se serve ali.
Um pouco mais à frente, aos sábados e domingos, uma moça vende frango assado. Com os franguinhos já girando na máquina de assar, ela varre o entorno, espantando os pombos e levantando poeira. Poeira que certamente vai se depositar, uma parte dela, sobre os assados.
Tem também o vendedor de espetinhos, o de cachorro quente, o de baguncinha, a maior parte deles sem ter sequer uma bacia com água para lavar as mãos, que dirá água corrente, como manda a cartilha de boas práticas de higiene da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
As boas práticas são cobradas à exaustão dos empreendimentos legalizados, com seus donos sendo obrigados a se adequar constantemente às normas, cada vez mais exigentes, voltadas a preservar a saúde dos consumidores, através do consumo de alimentos saudáveis.
No entanto, a fiscalização é totalmente invigilante quando se trata do comércio informal, que prolifera muito à vontade diante dos olhos compassivos das autoridades e da própria sociedade. As pessoas pensam mais ou menos assim: ah, coitado, deixa ele ganhar o dinheirinho dele! É uma espécie de compaixão que fala mais alto e permite que qualquer um venda qualquer coisa em qualquer lugar sob quaisquer condições.
E quanto aos micróbios, a poeira e as impurezas todas que vão junto com a comida? Ah, essas são por conta da casa!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Solteira nunca mais



Dia desses, enquanto aguardava para fazer uma consulta médica, a atendente, ao preencher a minha ficha, perguntou: estado civil? E eu, divorciada. A resposta, tão mecânica e que eu venho respondendo a tanto tempo, dessa vez mexeu comigo e eu me vi falando em voz alta:
– Credo! Isso parece uma marca! E é pra vida inteira!
A moça riu e fez outra pergunta, obviamente sem conotação com o cadastro relativo à consulta: a senhora não quis casar de novo?
Rápido e prontamente, respondi que não.
Só que não é tão simples assim. Refletindo melhor agora, penso que deveria ter respondido de outra forma,  pois casar não é só uma questão de querer ou não.
Casar não é uma coisa que se faz assim como quem vai ao cinema, ou sai para tomar um chopp, ou faz uma pequena viagem. Ainda mais quando não é a primeira vez.
Na verdade, não aconteceu. Não tornei a casar. Então, me mantive solteira. Ou melhor, me mantive divorciada. Quer dizer, não sou casada, estou solteira, mas não sou solteira, porque sou divorciada.
E para quem não sabe, o estado civil de uma pessoa divorciada é comprovado por uma anotação, chamada de averbação, no verso da Certidão de Casamento. Depois do RG, é um dos documentos mais importantes. E é pra vida inteira. A não ser que a pessoa case novamente.
Ou seja, depois de se casar uma vez, um solteiro nunca mais será um solteiro. Será sempre um casado, se mantiver o casamento, ou um divorciado, se o interromper.
No meu caso, solteira nunca mais! Para sempre divorciada!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O ovo



Nunca gostei de deixar faltar ovo na geladeira. Compro ovo em cartela de duas dúzias e meia, que é pra nem faltar, nem passar do prazo de validade. Pois não é que errei a conta e hoje faltou ovo bem na hora de preparar o almoço? 
Como fazer panqueca sem ovo? Aliás, como fazer qualquer coisa sem ovo? Ovo é base para o bolo, para a torta salgada, para a torta doce, para o suflê, para a maionese, para o empadão, para as massas, para o peixe-bife-filé-frango-banana à milanesa, para o pão de queijo, para o pudim, para os biscoitos, para os pavês, para a rabanada...
 “Quem tem ovo, tem comida”, disse a moça do supermercado ao passar a minha compra, uma dúzia de ovos para salvar as panquecas. Sábia ela! Pois, não é verdade que o ovo salva uma refeição? Quem não se lambuza diante de uma boa omelete? E o pão com ovo, essa dobradinha de que fazem muita piada e alguns até torcem o nariz, mas que agrada tanta gente? Aqui em casa, qualquer motivo vale pra comer pão com ovo.
E o ovo cozido, então? Com ele, o cardápio fica mais rico, o pastel mais gostoso, a salada, o macarrão e o sanduíche mais encorpados.
Então, que não faltem ovos em nossas cozinhas!
E nem galinhas nos galinheiros!