Meu pai, que tem uma perna amputada há mais ou menos
20 anos, vai colocar uma prótese nova. Por conta disto, está fazendo sessões de
fisioterapia no Centro de Reabilitação Dom Aquino Correa. Sou acompanhante dele
e me surpreendo um pouco cada vez que vou até lá. A primeira coisa que me surpreendeu
foi ver a dedicação dos funcionários aos pacientes, embora as péssimas
condições de trabalho.
O sucateamento começa no prédio, muito antigo, que
ameaça desmoronar. Tem uma parte dele que está fechada por conta disso. A grande
maioria das pessoas que frequentam o local tem problemas de locomoção, usa
cadeiras de roda, muletas, bengalas, enfim. Seria de se esperar instalações adequadas
para deficientes, mas o local conta tão somente com algumas poucas adaptações.
Se fosse empresa privada, com certeza já teria sido multada e ficaria impedida
de funcionar.
No setor de fisioterapia, a regra é improvisar,
quando não, fazer cota para suprir algumas necessidades, como eu constatei no caso
do creme hidratante de uso dos amputados. Junto ao bebedouro, no lugar dos
copos, um aviso: “estamos sem copo, traga o seu de casa”. Até o tradicional
cafezinho é um problema por lá. Tem dias que não tem café, tem dias que não tem
açúcar e tem dias que não tem nem um, nem outro.
Na sala de enfermagem, que não é bem uma sala – está
mais para um corredorzinho –, fiquei ainda mais chocada por verificar que o
aparelho de pressão usado para medir a pressão dos pacientes não é da
enfermaria e sim da enfermeira. E a preocupação de substituir o aparelho que
está apresentando problemas é dela, “preciso comprar um aparelho novo”.
O Centro de Reabilitação está morrendo.
Os funcionários têm se movimentado em
vão contra o sucateamento, mas o governo do Estado continua
fazendo ouvidos moucos. Da mesma maneira como tem feito com a saúde de
modo geral, com a educação, com a segurança...
O descaso do poder público é realmente uma coisa
alarmante. Fico indignada. Não é brincadeira o que se arrecada de impostos
neste país, neste estado, neste município. É estarrecedor constatar que muito
pouco, muito pouco mesmo, é devolvido aos contribuintes, na forma de serviços
essenciais.
E que o Centro de Reabilitação descanse em paz. ✝
ResponderExcluirÉ triste mesmo... E é como o título diz "A indignação de sempre".
ResponderExcluirIsso não é nenhuma novidade, pois sabemos que, investir na saúde e no bem estar da população, não está na lista de prioridades do governo! Mas o seu texto está muito bom e esclarecedor...Precisamos divulga-lo pra ver se tem um alcance maior!
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