Hoje, depois de muito tempo – digamos uns 15 anos – me
enchi de coragem e tomei um ônibus do transporte coletivo. Melhor dizendo, e usando
a linguagem coloquial, tomei o busão.
É claro que eu fiz isso no meio da tarde, em horário
em que os ônibus circulam mais leves, com pouca lotação, e acabei até me
divertindo.
Mal entrando no veículo dei de cara com gente
conhecida. Lá estavam, sorrindo, logo atrás da roleta, meus amigos Fábio e
Maninha, e a viagem já virou festa. A despeito dos solavancos que por pouco não
me derrubaram no corredor. Mão firme no corrimão, me entretive na conversa e
nem vi o tempo passar e por pouco não perdi o ponto de desembarque.
Na volta, mais um encontro inesperado, com a amiga
Maria, no terminal do CPA. Foi ela quem me indicou onde embarcar, pois, embora
tenha tentado, não consegui decifrar as placas da precária sinalização. Se é
que não fiquei atrapalhada por conta do cheiro insuportável de urina que
infesta aquele local.
Embora fora do horário de pico, não tive como não me
chocar com a falta de educação de motoristas e usuários. Respeito é uma prática
pouco utilizada no transporte coletivo. E faz uma falta medonha.
Do pouco que vi, posso calcular quanto
desapontamento, raiva e frustração passam os usuários que lidam com a rotina do
transporte coletivo, submetendo-se a empurrões, xingamentos, mau humor,
desconforto, violência física e mental.
Andar de ônibus, pelo jeito, é para quem tem coragem,
perseverança e, obviamente, não tem outro meio de locomoção. E para gente como
eu que escolhe o melhor horário para circular e tem interesse por novas
histórias para contar.
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