quinta-feira, 9 de abril de 2015

Vaidade precoce


Dia desses a filha de uma amiga minha, prestes a completar seis anos de idade, me pediu uma boneca de presente. Quase enfartei! Que menina com mais de quatro anos quer ganhar uma boneca? Ainda dentro das fraldas, as meninas já estão desejando celular, tablet, câmera, filmadora, sapato de salto, maquiagem, roupa da moda e, entre outras coisinhas, jogos de computador, principalmente os que envolvem moda, maquiagem e dicas de beleza.
Tanto que encontrei na Internet alguns vídeos em que garotinhas de 6, de 7, de 8 anos ensinam outras garotinhas a se maquiarem, usando inclusive base e rímel, que eu pensava que fossem de uso exclusivo de gente adulta. E elas não fazem isso para ir a uma festa, para participar de um espetáculo ou para um evento de gala, mas principalmente para ir à escola.
Para essas meninas, fazer maquiagem não é uma brincadeira de criança. É a satisfação de uma vaidade a meu ver extremamente precoce. Que começa dentro de casa, sob aplausos e incentivo das próprias mães, orgulhosas da prematuridade de suas “mocinhas”. Com esse aval, as “mocinhas” estão indo muito mais além: marcam hora no salão, esticam os cachinhos com escova progressiva, fazem as unhas e – pasme – depilam as pernas.
Ao contrário dessas mães “antenadas”, não acho isso uma gracinha e não me incomodo nem um pouco de passar por quadrada, por careta ou por qualquer coisa que seja. O fato é que acho um absurdo esse estímulo à erotização infantil, que coloca em risco, inclusive, a vida das próprias garotas, vítimas frequentes de gravidez na adolescência, de distúrbios alimentares como bulimia e anorexia, e de cirurgias plásticas em corpos ainda em desenvolvimento.
Ouvi de um psicólogo que pular a infância é o mesmo que querer ler antes de começar a falar. E a infância é uma fase em que as crianças deveriam estar preocupadas em brincar, de boneca, de bola, de pular corda, de pega-pega, de qualquer coisa, e não em seguir os padrões da moda e se tornar adulta antes da hora. Mesmo que a mídia teime em vender sexualidade 24 horas por dia. E cabe principalmente aos pais impedir que essa ousadia invada sua casa.
Quanto à garotinha lá do início, a filha da minha amiga, quer saber se atendi o desejo dela? É claro que sim. Comprei uma boneca lindona, ao estilo do que ela havia pedido. Só que quatro ou cinco dias depois, ela se saiu com essa: “e um tablet, tia, você pode comprar pra mim?”


2 comentários:

  1. Meu Deus! Tá bem no estilo da Luana. Será que não foi ela não, que te pediu essas coisas? Ela é muito abusada, reconheço isso em minha filha! A gente se empenha muito em educar, mas todo dia ela aparece com novidades na volta da creche (às vezes as novidades são boas, como cantar uma música que nunca tínhamos ouvido ela cantar antes, e rezar também. Mas ela pegou uma mania que ainda não conseguimos tirar, de apontar o dedo pra gente como se fosse uma pistola, toda vez que a recriminamos por algo de errado que ela faz).

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  2. O pior de tudo, o superlativo da insensatez, é a mãe que quer fazer de sua filha uma miss infantil, juvenil, etc...apresentando a criança toda maquiada, penteada, etc...Meus Deus ! Mães erotizando precocemente suas filhas e provocando a atenção dos pedófilos. Onde essas mães estão com a cabeça ?

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