domingo, 20 de setembro de 2009

A torneira


Esta semana tive que substituir a torneira da cozinha aqui de casa que estava vazando. Depois de vários consertos e de trocar a borrachinha não sei quantas vezes, não teve outro jeito senão comprar uma torneira nova. Muito bem, depois de feito o serviço que eu, obviamente, não dei conta de fazer – não sou muito chegada a esse tipo de tarefa – peguei a torneira velha e coloquei na calçada da frente de casa, encostadinha na árvore. Costumo fazer isso com as coisas que deixam de ter serventia para mim. Já fiz isso com calçado, panela, travesseiro, aparelho de telefone, ventilador e tantas coisas que perdem sua função ou simplesmente são substituídas por outras mais novas. É incrível, mas é só o tempo de largar os objetos, entrar em casa e voltar pouco tempo depois, e já não resta mais nada; alguém já passou e os recolheu e, com certeza, vai fazer uso deles. Embora a boa intenção, não consigo deixar de achar isso triste. Me dói o coração constatar essa realidade dura de que tem uma parcela da população que vive de restos. Vive do que não nos serve mais. Vive do que nós jogamos fora. E, não sei como, vive de fazer funcionar coisas que não funcionam mais, como a minha torneira, que não demorou nem dez minutos para sumir de debaixo da árvore. E provavelmente está tendo utilidade em alguma cozinha por aí.