sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Porta aberta para o Ano Novo


Ano Novo é sempre Ano Novo. As esperanças se renovam. As expectativas se redobram. É como se a gente ingressasse num mundo novo. É uma coisa assim quase palpável. É como se ali no fim do ano tivesse uma porta que se fecha no dia 31 e se abre no dia 1º como um amanhecer cheio de luz. E, atrás da porta, aguardando a nossa passagem, uma imensidão de potes coloridos, contendo cada qual os nossos desejos, dos mais singelos aos mais ardentes: boa saúde, sucesso profissional, projetos bem sucedidos, emprego novo, carro do ano, casa própria, mais dinheiro, harmonia no lar, um filho, um novo amor, uma grande paixão...

Só que, mal a porta se abre, a rotina se instala novamente, e os desejos – senão todos, a maior parte deles – são devolvidos ao pote e engavetados para o ano seguinte.

Mas, isso pouco importa diante da intensidade desse período de festas, que nos enche de alegria e nos remete a uma temporada de boas vibrações. Uma temporada de férias aos maus pensamentos, às preocupações, às energias negativas.

E vamos combinar, que isso faz um bem danado ao coração, ah faz.

Que se abra, pois, a porta e que ela nos revele, de imediato, um mundo novo. Um mundo sem tantas fronteiras. Um mundo em que as pessoas se mantenham “acima da cobiça, do ódio e da brutalidade” (Charles Chaplin). Um mundo mais fraterno. Um mundo mais humano. Um mundo infinitamente melhor para se viver.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A Fila de Natal do vovô

Em todos os natais, meu pai presenteia os netos com uma nota que atualmente é de R$ 100,00. Eu não lembro bem, mas isso começou há 19 ou 20 anos, quando minhas filhas eram pequeninhas. Na época, eu e meus quatro irmãos nos reuníamos todos os finais de ano na casa dos meus pais, em Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul.

E foi lá que, num certo Natal, meu pai mandou os netos fazerem uma fila e deu a cada um uma nota Cr$ 5,00 (5 cruzeiros). Daí em diante a Fila virou uma tradição e também uma atração, documentada por inúmeras fotos que retratam o evento ano a ano.
Teve um Natal que passamos (quase) todos na praia e a fila teve um sabor especial de mar. Em outra ocasião, a nota foi convertida em dólar. Com o nascimento dos gêmeos, filhos da minha sobrinha, os bisnetos também passaram a fazer parte da Fila. E no seu aniversário de 80 anos (hoje ele está com 84), fomos nós, os filhos, que invertemos o processo e, em fila, oferecemos a ele uma nota.
Neste ano, os netos e bisnetos vão estar espalhados entre Santo Ângelo, Porto Alegre, Curitiba e Cuiabá. E em cada lugar desses vai acontecer uma Fila de Natal do vovô.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

As cucas da Dona Othilia

Final de ano. Natal. Ano Novo. Ai que saudades das cucas da Dona Othilia!

Dona Othilia era minha mãe e das suas mãos cheias de farinha brotavam umas cucas que, vou te falar, eram maravilhosas. Suas cucas eram fofas, fartamente recheadas com cremes de diferentes cores e sabores e salpicadas de farofa doce.

Se tinha uma coisa que ela não gostava de economizar era nas guloseimas que preparava para esperar os filhos e os netos nas festas de final de ano. Então, nos empanturrávamos de suas cucas, seus pavês, seus sorvetes caseiros, suas Marta Rocha, seus rocamboles...  

À comilança se misturavam outros ingredientes: a alegria dos reencontros, a algazarra da criançada, a farra entre irmãos, o Papai Noel, os presentes de Natal.

Que saudades do Natal na casa da Dona Othilia!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O peso de ter que perder peso





Expostas nas bancas, nas prateleiras dos supermercados e das lojas de conveniências, as revistas nos massacram com suas repetitivas chamadas de capas:

Dieta Antigordura: para ficar magra de vez

Seque as gordurinhas

Queime calorias mais rápido

Perca peso em duas semanas

Caminhada seca-barriga

Perder peso, para quem tem muito, é mesmo uma questão de saúde. Mas, a meu ver, isso já está virando terrorismo. Ser magra virou uma obrigação.

Aliás, essa expressão PERDER PESO está totalmente fora de moda. “Quem perde, acha”, justificam os que defendem a idéia. Então, podemos substituir o termo PERDER por ELIMINAR. Assim, acho que fica de bom tamanho (?). Apesar de que é mais top usar o verbo SECAR.

É claro que alimentação virou sinônimo de saúde. Ou vice e versa. E a obesidade deve ser evitada a todo custo. Porque a gordura excessiva é muito mais do que um problema estético, já que predispõe o organismo a uma série de doenças, além de limitar os movimentos do corpo e facilitar a contaminação por fungos e a degeneração de articulações, entre outros inconvenientes.

Mas, daí a fixar um único padrão é exagero. Um pouco de equilíbrio aí nessa história vai cair bem.  E cá pra nós, nada melhor do que cada qual procurar viver de bem consigo mesmo, independente de seus quilinhos a mais, sem culpa e sem neuroses, deixando – isso, sim, é legal – transparecer a beleza que está dentro de cada um de nós.

Ser magra não precisa ser obrigação. E nem obsessão.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Gorjetas, esmolas e conselhos


Sempre que posso, dou uma gorjeta ao empacotador do supermercado, ao entregador de água, ao entregador de medicamentos... Vejo nisso uma maneira de valorizar o seu trabalho e de contribuir para aumentar a sua renda, além de estimular seu gosto pelo trabalho.

Ao contrário, não costumo dar dinheiro assim, de graça, a quem acha mais fácil só pedir, sem oferecer nada em troca. É uma questão de princípios e mesmo que não seria justo para com aqueles lá e os outros tantos que compõem a massa economicamente ativa desse país.

É óbvio que não estou falando de caridade e sim do oportunismo praticado nas ruas, nos semáforos, nas portas de bancos e mesmo nos portões das nossas casas, onde os pedidos de dinheiro se sucedem, com as mais esfarrapadas desculpas: voltar para a terra natal, fazer o velório da filha, comprar o caixão da mãe, comprar fraldas geriátricas... E isso me lembra uma piada que é mais ou menos assim: 

O mendigo chega para uma senhora e pede uma esmola. Ela diz a ele: - Em vez de ficar pedindo esmolas, por que não vai trabalhar? - Dona... - retruca o mendigo - Estou pedindo esmola e não conselhos! 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Prece por Luz


Não costumo me apegar às orações prontas, com exceção, é claro, do Pai Nosso, que, para mim, é a maior representação de Jesus Cristo e que nunca consigo pronunciar por inteiro sem embargar a voz. Eu sempre achei que Deus prefere nos ouvir assim meio no improviso, com toda a simplicidade e espontaneidade que o nosso coração é capaz de se manifestar. Mas tem uma prece em particular que eu acho que reflete muito bem o que deveríamos contemplar em nossas orações: Prece por Luz, de Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier:

Senhor!...

Clareia-nos o entendimento, a fim de que conheçamos em suas conseqüências os caminhos já trilhados por nós; entretanto, faze-nos essa concessão mais particularmente para descobrirmos, sem enganos, as estradas mais retas que nos conduzem à integração com os teus propósitos.


Alteia-nos o pensamento, não somente para identificarmos a essência de nossos próprios desejos, mas, sobretudo, para que aprendamos a saber quais os planos que traçaste a nosso respeito.

Ilumina-nos a memória, não só de modo a recordarmos com segurança as lições de ontem, e sim, mais especialmente, a fim de que nos detenhamos no dia de hoje, aproveitando-lhe as bênçãos em trabalho e renovação.

Auxilia-nos a reconhecer as nossas disponibilidades; todavia, concede-nos semelhante amparo, a fim de que saibamos realizar com ele o melhor ao nosso alcance.

Inspira-nos, ensinando-nos a valorizar os amigos que nos enviaste; no entanto, mais notadamente, ajuda-nos a aceitá-los como são, sem exigir-lhes espetáculos de grandeza ou impostos de reconhecimento.

Amplia-nos a visão para que vejamos em nossos entes queridos não apenas pessoas capazes de auxiliar-nos, fornecendo-nos apoio e companhia, mas, acima de tudo, na condição de criaturas que nos confiaste ao amor, para que venhamos a encaminhá-los na direção do bem.

Ensina-nos a encontrar a paz na luta construtiva, o repouso no trabalho edificante, o socorro na dificuldade e o bem nos supostos males da vida.

Senhor!...

Abençoa-nos e estende-nos as mãos compassivas, em tua infinita bondade, para que te possamos perceber em espírito na realidade das nossas tarefas e experiências de cada dia, hoje e sempre.

Assim seja.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Estou (de novo) de dieta!


Pois é, acabo de começar (mais uma vez) um regimezinho (?) para eliminar uns 6, 7 ou 8 quilos, uma carga extra que está fazendo muita diferença nos meus movimentos, no meu ânimo e nas minhas roupas, que já não me servem mais. 

Ah, bons tempos aqueles em que eu não saía – nem que quisesse – dos meus 58 quilos. Podia devorar com vontade meus lanches preferidos, ou seja, todos. Sim, porque adoro tanto um simples bauruzinho de queijo e presunto, como um pastelzinho de carne, um cachorro quente ou um X-bagunça bem recheado, daqueles que chamam de X-Tudo.

Mas o pior mesmo é abrir mão das guloseimas adocicadas. Tenho verdadeira paixão por chocolate. E também por pudim, mousse, sorvete, torta, tortilla, massa folhada, sonho... Sou daquelas pessoas cujo organismo não pede, exige, um bocado de açúcar todo dia.

Portanto, vem uma temporada sombria por aí. Que vai demandar muito sacrifício. E uma boca (a minha) bem fechada.


sábado, 19 de novembro de 2011

É dureza ser dona de casa!


Eu nunca fui muito dona de casa. Desde muito jovem trabalhava fora, de modo que os serviços domésticos nunca foram o meu forte. Só pra dar uma idéia, até hoje não sei cozinhar feijão (qualquer um sabe cozinhar feijão, menos eu). As minhas incursões na cozinha sempre foram para fazer lanches (esse é meu forte) e eventualmente para preparar um picadinho de carne com creme de leite ou um macarrão com carne moída ou com calabresa (minhas especialidades). Adoro ir pra cozinha, desde que seja de vez em quando.

Tive muita sorte com algumas empregadas domésticas, que cuidavam de tudo em casa, começando pelas minhas meninas, que sempre foram prioridade, e até resolviam problemas cotidianos tipo trocar uma lâmpada, substituir a torneirinha do jardim ou contornar um vazamento de gás no botijão.

Pois, ultimamente, tenho parado mais tempo em casa e, coincidentemente, não tenho tido a mesma sorte com a empregada. Com isso, tem sobrado muita coisa pra eu fazer. E – convenhamos – quanto serviço tem numa casa pra se fazer! A gente amanhece e adormece trabalhando. Quando você pensa que acabou (ufa!), lá vem o cachorrinho e faz xixi no pé da mesa e quando você vai limpar, percebe que a toalha está suja e que seria melhor trocá-la. Enquanto está trocando a toalha, vê que a porta da geladeira está lambuzada e resolve limpar e, da porta, passa pra dentro da geladeira e... Não termina nunca!

E a campainha?  Essa também não dá sossego. É o carteiro, o limpador de piscina, o agente de saúde, o vendedor ambulante, o catador de latinha, o pedinte... Ave!

Como é duro ser dona de casa! 

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Nos tempos do Biotônico


Eu nasci miúda. Tão miúda que achavam que eu não ia vingar. “Essa não se cria”, diziam. Mas eu me criei. Um tanto magrinha nos primeiros anos. “Tem que dar Biotônico pra essa guria”, meu pai dizia. E me davam. Duas, três vezes por dia. 

Quando íamos visitar os tios e avós que moravam no interior, eu passava tão mal que tinha que descer do carro no meio do caminho e fazer o resto do percurso a pé. “Tem que dar Biotônico pra essa guria”, meu pai repetia. Então, me davam. Doses cavalares de Biotônico. Que me fizeram ganhar peso. Até demais.

O Biotônico (Fontoura) era o fortificante do Jeca Tatu, personagem de Monteiro Lobato, que depois de ser curado da ancilostomíase (amarelão), doença que tirava totalmente o seu ânimo, deixou de ser um pobre caboclo para se transformar num próspero fazendeiro. 

As aventuras do Jeca Tatu ilustravam as páginas do Almanaque do Biotônico Fontoura, uma revistinha que era distribuída gratuitamente nas farmácias e continha informações, curiosidades e passatempos. E que preenchia o imaginário popular.

Bons tempos aqueles do Biotônico Fontoura.. Sim, porque nos dias atuais, quando a ordem é ser magro, quem há de querer se fortificar?










sábado, 12 de novembro de 2011

Esses baderneiros e seus pobres pais


Os episódios envolvendo um bando de rebeldes filhinhos de papai na Universidade de São Paulo, promovendo vandalismo, descortinam uma parte da sociedade que falhou – e falhou feio – na educação de seus filhos. Por trás desses baderneiros, tem pais que se esmeraram em prover seus rebentos de recursos materiais e se esqueceram do principal: sua formação moral.

Dotados de boas condições financeiras, porém com valores totalmente deformados, esses jovens se utilizam dessa vantagem para se drogar, para destruir, para promover arruaça, para subverter a ordem, para distribuir arrogância. Quando poderiam estar colaborando para construir um mundo melhor.

E eu me pergunto: como será que se sentem os pais deles? Será que têm vergonha de sua falta de caráter? Será que sofrem por conta de sua rebeldia, por conta de seus vícios? Será que conseguem ver um futuro melhor para eles? Será que choram? Será que se importam? Independente do que possam responder, tenho pena desses “pobres” pais.

Ao contrário deles, um bom tanto de pais que eu conheço, independente de serem ricos ou pobres, comemoram o fato de terem criado filhos de mente sadia, filhos cumpridores de seus deveres, filhos que tem respeito, filhos que tem dignidade, filhos que tem amor ao próximo e que jamais se atreveriam a pilhar o que quer seja.

E sem nem um pingo de modéstia, como mãe de duas filhas que desde cedo aprenderam a distinguir o certo do errado e possuem valores morais sólidos, eu me incluo entre eles. E me encho de orgulho por ter conseguido sucesso no que considero uma das tarefas mais nobres do ser humano: ser pai (no caso, mãe).


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Falando em sabonete...

Phebo é, indiscutivelmente, o meu sabonete preferido. E na fragrância Amazonian (aquele verdinho), embora nossa interação tenha começado ainda quando havia um único sabonete Phebo, também ovalado e transparente, porém escuro e com odor de rosas. Aliás, que tem uma bela e ousada história por trás:

“Em 1930 o português Mário Santiago e seu primo Antonio, perfumistas de talento, criaram um sabonete transparente, à base de glicerina, comparável ao Pear´s Soap, um sabonete inglês de grande aceitação na época. Eles pesquisaram inúmeras essências naturais da região, até chegarem a uma mistura que combinava óleo de pau-rosa, da Amazônia, com 145 essências distintas, como sândalo e cravo-da-índia, além de canela-de-Madagascar. O nome Phebo, o deus grego do Sol, foi escolhido para simbolizar o nascimento de uma nova era da perfumaria brasileira”.

Eu não ligo muito para esse negócio de marca, mas tem alguns casos, como o do sabonete Phebo, que não abro mão. São casos em que vejo o produto como sinônimo de sua marca: café capuchino é 3 Corações, maionese é Helmanns, leite condensado é Moça, sorvete é Kibon, presunto é Sadia...

Eventualmente, posso até usar outra marca, mas já sei, de antemão, que de alguma maneira vou sair perdendo no final. Ou em qualidade, ou em quantidade, ou em sabor...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O velho e bom sabão de barra saiu de cena


Comprar produtos de higiene no supermercado, hoje em dia, é quase uma viagem. São tantas as marcas de shampoo, desodorante, sabonete, pasta de dente, hidratante, absorvente, entre tantos outros produtos, que se a gente não souber de antemão o que deseja comprar vai precisar de um bom tempo para decidir e provavelmente vai gastar além da conta.

Diferente de quando eu tinha lá meus 12, 13 anos, – e eu lembro muito bem disso porque meus pais tinham um mercadinho, na verdade um armazém ou bolicho, como se dizia então, onde eu e meus irmãos trabalhávamos desde muito cedo, atendendo no balcão – e os produtos de higiene ocupavam um pequeno espaço na prateleira e não havia muito o que escolher. Desodorante era Van Ess, pasta de dente era Kolynos, absorvente era Modess, lâmina de barbear era Gilette.

Entre os sabonetes havia um pouco mais de diversificação. Lux, Gessy, Palmolive e 4 Estações eram os mais populares. Marcas como Cashmere Bouquet, Phebo – ah, o irresistível Phebo – e Alma de Flores, mais sofisticadas, davam bons presentes de aniversário.

Na época, o melhor xampu era mesmo o sabão de barra, geralmente feito em casa, que também substituía muito bem o sabonete. Se bem me lembro, a Colorama inaugurou a seção de xampu na prateleira de nosso armazém, e logo depois veio o Creme Rinse, precursor do condicionador.

Hoje, uma variedade imensa de xampus abarrota as prateleiras dos supermercados. Tem xampu para todos os tipos de cabelo: secos, opacos, lisos, encaracolados, tingidos, danificados. Tem xampu revitalizante, energizante, anticaspa, anti-frizz, antiqueda, anti-resíduos...  Dividindo espaço com eles, os condicionadores, que complementam o tratamento de beleza dos cabelos.

É impressionante como a indústria de higiene pessoal se desenvolveu e criou tantas necessidades. Sabonete líquido, sabonete íntimo, absorvente diário, creme para pentear, talco desodorante para os pés, lenços umedecidos... Produtos impensáveis há três ou quatro décadas e hoje imprescindíveis para a maioria das pessoas que, mais bem tratadas e mais perfumadas, com certeza, não conseguem imaginar a higiene da família sendo feita à base de sabão de barra.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Jogo de empurra


Uma professora de uma escola particular comentou comigo do seu stress por conta das dificuldades que enfrenta diariamente na administração da sala de aula. Ela assumiu uma turma extremamente bagunceira e indisciplinada e precisa frear seus impulsos de corrigi-la, sob pena de afugentar alunos que, caso se sintam incomodados, podem fazer com que seus pais os troquem de escola. E a pressão, nesse caso, vem da direção da escola, que não admite perder alunos, por piores que sejam, para não reduzir a arrecadação. Porque em escolas desse tipo, um aluno vale tanto quanto paga e pouco importam os resultados de seu aprendizado, desde que não afete o caixa da escola.

Segundo essa professora, o maior desafio dos professores em sala é conviver com alunos cujos pais não deram, não dão e nunca darão educação nenhuma para seus filhos e conferem à escola a responsabilidade de corrigir o estrago. Porém, não aceitam cobranças sobre seus mal educados filhos e ameaçam os professores, sobre quem descontam sua incompetência. Ameaçados pelos pais e pressionados pela direção da escola, os professores pouco podem fazer.

E nesse jogo de empurra, sobram crianças e jovens sem noção de valores como respeito, justiça e honestidade e que vão responder com prepotência, com arrogância, com egoísmo, com violência, com crueldade e com indiferença. Quando poderiam usar da compreensão, da humildade, da generosidade, da doçura, da bondade e da compaixão, valores dos quais a sociedade está tão carente.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

É preciso começar a banir as raposas!


Nesta semana fiquei sabendo que uma pessoa muito querida e por quem tenho muito respeito e admiração deve sair candidata a vereadora em sua cidade nas eleições do ano que vem. Num primeiro momento, me surpreendi com a notícia, porque a gente está se acostumando a achar que a política é terreno restrito aos corruptos e que qualidades como honestidade, integridade e retidão não combinam com esse meio, onde gente séria não sobrevive e se vê obrigada a abandonar o barco antes de ser engolida pelo lamaçal. Mas – pensei em seguida – ela está certa, é isso mesmo que precisamos fazer, nos infiltrar no meio das raposas, para combatê-las.

Está na hora da gente de bem começar a ocupar espaço dentro da panela para iniciar o processo de mudança. A corrupção já consumiu dinheiro demais. Segundo a última edição da Revista Veja, a corrupção drena anualmente dos cofres públicos 85 bilhões de reais, o equivalente a 2,3 % de toda a riqueza produzida pelo país. E a revista dá uma ideia da dimensão dessa verba quando relaciona 10 alternativas para o uso desse dinheiro, entre as quais a erradicação da miséria no Brasil, que tiraria dessa condição 16 milhões de pessoas e ainda sobrariam 5 bilhões de reais, a construção de 36 mil quilômetros de estradas, ou de 28 mil escolas, ou de 33 mil unidades de pronto atendimento, ou de 1,5 milhão de casas populares, ou o custeio de 34 milhões de diárias de UTI...

Como se vê, temos motivos de sobra para nos indignar e para começar a varrer a praga da corrupção para fora do cenário. E estou começando a acreditar que ao invés de torcermos o nariz para a política, temos mais é que engrossar suas fileiras, influindo nas decisões partidárias e contribuindo para construir pilares novos, para que a política deixe de ser sinônimo de astúcia, de esperteza ou de maquiavelismo e se transforme num exercício de cidadania, pautada pela dignidade, pela ética e pela honradez.

domingo, 23 de outubro de 2011

Que fiasco!


Sábado, já pelo fim da manhã, levo mais de uma hora para percorrer um trecho que poderia ter consumido menos de 15 minutos. Algum acidente grave no caminho? Não, apenas uma cidade entupida de carros. Alguém me lembra mais tarde que é por causa das provas do ENEM. Que seja, mas cadê os fiscais de trânsito, os chamados Amarelinhos? Cadê a participação da polícia de trânsito? Cadê o DETRAN, que está reajustando suas taxas, em alguns casos em até 300 por cento, sob a argumentação de proporcionar um trânsito melhor? Sumiu todo mundo e ficamos nós, motoristas, à mercê do caos que se instalou na cidade.

No meio do engarrafamento, tentando me distrair com o rádio ligado, não pude deixar de prestar atenção nos contornos da avenida desbotada, com o mato invadindo muros e calçadas e o lixo se espalhando pelo chão.  “Ei, mas é esta a cidade da Copa de 2014?”, me perguntei de repente, sentindo o rosto corar de vergonha. Já estou antevendo: Que fiasco! 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Mudando o lado de ver as coisas


Você já reparou como a gente tem tendência a olhar as coisas sempre pelo lado mais negativo? Se o dia está ensolarado, reclamamos do calor (quando poderíamos saborear o tempo bom); se a chuva chega de repente, reclamamos de sua inconveniência  (quando poderíamos nos alegrar com a terra molhada); se recebemos uma visita inesperada, nos incomodamos porque a casa não está em ordem (quando poderíamos festejar a amizade); a comida ruim nos desagrada porque nos deixa com fome, a comida boa, porque nos faz engordar; enfim...
Certo é que temos que combater essa tendência de focar sempre no avesso, no lado pior das coisas. A bem da nossa própria felicidade. Afinal, é preciso tirar o máximo de proveito da vida. E não tenho dúvidas de que isso requer uma certa habilidade em extrair o que há de melhor numa situação, por pior que ela seja. O que, convenhamos, não é nada fácil. Mas é possível. Mire-se nesse exemplo:

“Uma mulher acordou uma manhã, olhou no espelho e percebeu que tinha somente três fios de cabelo na cabeça. – Bom, ela disse, acho que vou trançar meus cabelos hoje. Assim ela fez e teve um dia maravilhoso.
No dia seguinte, ela acordou, olhou no espelho e viu que tinha somente dois fios de cabelo na cabeça. – Humm, ela disse, acho que vou partir meu cabelo no meio hoje. Assim ela fez e teve um dia magnífico.
No dia seguinte, ela acordou, olhou no espelho e percebeu que tinha apenas um fio de cabelo na cabeça. – Bem, ela disse, hoje vou amarrar meu cabelo como um rabo de cavalo. Assim ela fez e teve um dia divertido.
No dia seguinte, ela acordou, olhou no espelho e percebeu que não havia um único fio de cabelo na cabeça. – Yeaa!, ela exclamou, não tenho que pentear meu cabelo hoje!”




sábado, 15 de outubro de 2011

Recruta Zero

Quem lembra dele? do Recruta Zero? E do Sargento Tainha? E do General Dureza? E do cozinheiro Cuca? Pois, para matar a saudade, uma seleção de tirinhas dessa divertida turma:












































sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A Carta



Acredite: hoje eu escrevi uma carta. À moda antiga. Só faltou aquele papel de seda fininho, que de tão fininho fazia a tinta atravessar para o outro lado. E agora estou aqui pensando: será que ainda se escreve carta hoje em dia? Acho que tem gente que nem sabe o que é isso.

Em tempos de Twitter, Facebook, Orkut e outras ferramentas modernas de comunicação, escrever carta é uma coisa assim quase pré-histórica. Mas, em outros tempos, era uma coisa maravilhosa.

Portadora de boas e de más notícias, a carta levava dias, às vezes meses, para chegar a seu destino. Receber uma carta era uma emoção tamanha. E quando ela vinha salpicada de paixão?

No rádio, A Carta, na voz de Erasmo Carlos, fazia um tremendo sucesso:

Escrevo-te
Estas mal traçadas linhas
Meu amor!
Porque veio a saudade
Visitar meu coração
Espero que desculpes
Os meus errinhos por favor
Nas frases desta carta
Que é uma prova de afeição...
Talvez tu não a leias
Mas quem sabe até darás
Resposta imediata
Me chamando de "Meu Bem"
Porém o que me importa
É confessar-te uma vez mais
Não sei amar na vida
Mais ninguém...
E para terminar
Amor assinarei
Do sempre, sempre teu...

Os tempos mudaram. As notícias, hoje, chegam em tempo real. E a caixinha de correspondência, tão charmosa em outros tempos, hoje é quase figurativa. Virou repositório de boletos de cobrança e de folhetos de propaganda.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Dá de ti mesmo


Fazer pelo próximo é uma coisa que a gente sempre joga para o futuro, para quando os filhos crescerem, para quando nos aposentarmos, para quando reunirmos condições, para um dia, quem sabe... Esta mensagem diz exatamente o contrário. Que podemos auxiliar os outros desde já, com aquilo que já temos, um pouquinho que seja. Uma bela lição para colocarmos em prática imediatamente:

"Na tarefa que te propões realizar dentro daquilo em que crês, não esperes pela colaboração alheia, nem sempre encontrada. Dá de ti mesmo, do que sabes e do que és. Não aguardes recursos materiais que sobejem em tuas mãos, nem conhecimentos superiores que possam te envaidecer ou posições de destaque que te levem a crescer em orgulho.

Jesus não falou da viúva pobre que depositou no gazofilácio do templo, o que necessitava para a sua indigência?

O próprio Mestre não viveu aqui na Terra na maior pobreza? Mas, mesmo assim, agindo em função do amor sublime que lhe engrandecia a alma, soube socorrer, amparar, curar e esclarecer as criaturas e conduzi-las ao seu Reino de Amor.

Não te acredites, pois, incapacitado ou sem condições de auxiliar. Teus sonhos de grandes realizações são apenas desejos que não precisas colocar em prática. Basta que dês aquele pouquinho de ti mesmo, uma migalha de amor que seja, para que a dor alheia possa ser minimizada.

O pouco que sabes, divide com aqueles que sabem menos.

A fé que possuis, estende aos irmãos cuja descrença os leve a cansar de viver.

A esperança que acalentas, espalha às almas desiludidas e tristes que estejam ao teu redor.

Oferece a tua mão em auxílio fraterno, fazendo pelo outro aquilo que ele não esteja em condições de fazer.

Oferece os teus olhos que podem ver, em favor daqueles que perderam a visão.

Oferece os teus ouvidos para escutar as queixas e lamentações de irmãos que estejam sofrendo muito.

Oferece a tua palavra amiga para orientar,  consolar e esclarecer os que estejam sem rumo na vida, diante de dolorosas e aflitivas situações.

Esquece as tuas fraquezas e imperfeições naturais a todos os seres humanos, e não te julgues sem competência ou sem condições de poder realmente auxiliar. Se não podes dar daquilo com que sonhas, dá de ti mesmo, e a própria vida haverá de te recompensar, dando-te, de retorno, o que possa estar faltando para que vivas em paz com a tua consciência.

A seara do senhor é imensa; de toda parte surgem apelos daqueles que mendigam por um pouco de alento e de paz. Contudo, os ceifeiros são poucos. Sê tu, meu irmão, um deles, colaborando com Jesus na extensão do Seu Reino de Luz sobre a Terra".  

(Na Educação da Alma, de Lúcia Cominatto, pelo espírito Irmã Maria do Rosário)

domingo, 2 de outubro de 2011

Um campeão


Tenho um amiguinho, Carlos Flávio, que é bi-campeão brasileiro de Taekwondo. Ele tem 16 anos e é filho de uma amiga que acabei de reencontrar, depois de um longo tempo. Pois esse garoto integra a seleção brasileira que vai participar, daqui mais uns dias, do Panamericano Junior da modalidade, em Las Vegas, nos Estados Unidos.

Carlos Flávio treina desde os cinco anos de idade e é o primeiro medalhista mato-grossense de Taekwondo. Possui uma rotina apertada entre a escola, onde faz o primeiro ano, os treinos e as viagens. E ainda tem que se submeter a uma dieta constante para manter os 51 quilos exigidos, sacrificando uma das suas maiores paixões, que é o chocolate. Mas se tem uma coisa que não lhe falta é determinação. Isso confirmado pelo seu treinador que elogia o profissionalismo do garoto.

Para chegar até aqui, Carlos Flávio contou com o apoio incondicional dos pais. O pai moto-taxista e a mãe dona de casa, eventualmente cabeleireira quando a coisa aperta demais, “fazem das tripas coração” para bancar a atividade do filho que, embora os títulos conquistados, não recebe nem a Bolsa Atleta, nem nada.  Agora mesmo, para cumprir o cronograma que faz parte do Pan (treinamento em Londrina, no Paraná, aquisição do visto em São Paulo, e mesmo a viagem até o aeroporto de Guarulhos, ponto de embarque da seleção para Las Vegas, e as despesas de alimentação e hospedagem durante os jogos) o atleta está contando com a ajuda de pessoas amigas e familiares.

E é isso que me incomoda: a falta de apoio para um menino com esses valores, um menino que está na contramão dessa massa de garotos que anda perdida por aí, às voltas com drogas ou com bebidas, roubando, assaltando, matando, engrossando as fileiras da marginalidade.

Nós, enquanto sociedade, precisamos estimular essa garotada do bem e aplaudir seus esforços. Porque é gente desse naipe que faz a diferença na hora de se construir um mundo melhor.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Autoestima


Olha só: ouvindo a Jovem Pan ontem, uma entrevista no Pânico me chamou a atenção. A entrevistada, a publicitária Gisela Rao, falava dos resultados do programa que ela criou, o Vigilantes da Autoestima, do qual faz parte um blog com o mesmo nome (http://vigilantesdaautoestima.blogosfera.uol.com.br/). O motivo da entrevista era, de fato, o livro que ela está lançando, Não comi. Não rezei. Mas me amei, o diário da escritora que vigiou sua autoestima por 365 dias. 

Gisela está conseguindo canalizar para o seu blog milhares de acessos, principalmente de pessoas que estão se apoiando nela para levantar sua autoestima. Esse público é constituído principalmente de mulheres. E um dos motivos que mais derrubam a autoestima de uma mulher está relacionado ao corpo.

E, cá pra nós, não é para menos. Estamos cercados de gente bonita. Só que no papel. As revistas estão recheadas de rostos e corpos deslumbrantes. Os banners e cartazes de propaganda, idem. A televisão está repleta de caras lindas e corpões sarados. A mídia parece nos dizer, cruelmente, “se você não é bonito, morra!”. 

E, no entanto, as pessoas que a gente encontra nas ruas, no banco, no supermercado, no cinema, no shopping, a maior parte delas, são gente comum. Gente com muito nariz, com pouca bunda, com barriga demais, com seios de menos, com pernas muito grossas, ou muito finas, com cabelos escorridos, ou muito armados... Gente totalmente fora do padrão. Mas, gente real, que nem por isso é menos feliz. Mesmo que tenha que contar com a vigilância da Gi quando a autoestima estiver em baixa. 

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Tirinhas

Viva a criatividade e o humor, ingredientes essenciais para construir uma boa tirinha!




























quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Indignar. Um verbo para se conjugar!

O desabafo em uma entrevista de televisão de uma mulher cujo marido foi morto violentamente num assalto me comoveu. “A gente precisa se indignar com a escalada da violência”, desabafou ela. Embora vivendo momentos de profunda dor, ela conseguiu fazer o seu manifesto e reproduzir o que era também a opinião do marido, antes de ser atingido por um tiro ao defender a filha que estava na mira do bandido.

Faço, então, coro a essa corajosa mulher e me indigno também. Estamos sendo muito passivos diante da violência. Estamos aí, cada qual no seu quadrado, tentando nos defender. À custa de muitas grades, de muitos cadeados, de geringonças elétricas e eletrônicas. Individualistas, suspiramos a cada vez que não somos o alvo. Mesmo que ele seja o vizinho da frente, o pai do amigo do filho, a filha do dono do mercadinho, a esposa do colega de trabalho, enfim. Contanto que aconteça além da soleira da nossa porta...

E é isso que precisa mudar. Aproveito, então, este espaço para demonstrar a minha indignação com a violência desenfreada que assola esta cidade, este estado, este país, e que produz uma sociedade refém do isolamento, do medo, da angústia, da dor. E creio que se nos juntarmos nesse sentimento, estaremos começando a nos mover. O que já é um bom começo.

domingo, 18 de setembro de 2011

Oigalê!

É tempo de festa no Sul do país. Estamos em plena Semana Farroupilha, o maior evento sul-rio-grandense, que marca as comemorações da Revolução Farroupilha, uma das mais significativas e mais longas revoltas civis brasileiras, marco da história e da formação política da sociedade do Rio Grande do Sul.

Se eu estivesse por lá nesses dias, é certo que estaria percorrendo os galpões crioulos, saboreando os costumes gaúchos, comendo muito arroz de carreteiro e dançando vanerão. É que nessa época, os Centros de Tradições Gaúchas promovem semanas inteiras de festa, de culto às tradições gaúchas, com fandangos, cavalgadas, rodas de chimarrão, tertúlias e rondas crioulas e apresentação das tradicionais danças como a Chula, a Dança dos Facões, Pezinho, Chimarrita, Xote de Carreirinha e tantas outras.

Para matar a saudade, Milonga para as Missões, com Renato Borghetti e Orquestra Unisinos:



E um pouquinho de dança, também: