Dia desses, aterrissou aqui em casa uma Luluzinha, um
dos gibis que marcaram a minha infância e a dos meus irmãos. E eu me deliciei
com as singelas historinhas da menininha de cabelos cacheados que se envolve em
atrapalhadas aventuras junto com o Bolinha, a Aninha, o Carequinha, o Alvinho e
outros personagens da turma. Apesar de já existir na versão jovem, onde as
mudanças são radicais, a revista Luluzinha tradicional mantém as
características dos personagens, a simplicidade dos cenários e a ingenuidade
dos enredos que nos encantavam e divertiam.
A minha história com os gibis vai de muito tempo. Do
tempo em que os meninos iam ao cinema aos domingos e aproveitavam para trocar
as revistinhas. Tenho três irmãos; portanto, lá em casa eram três meninos
trocando gibis no cinema todos os domingos. Então, sobrava revistinha para nós,
meninas, nos fartarmos de ler.
Teve até um episódio em que decidimos ficar ricos
vendendo revistas em quadrinhos. Algumas caixas de sabão para fazer o balcão e estava
montada a loja que durou apenas um dia e que só não teve prejuízo total porque
uma vizinha, solidária a nossa tristeza, comprou uns dois ou três exemplares.
Adulta já, o gibi virou terapia, um doce intervalo a
restituir tranquilidade após jornadas de trabalho desgastante.
Minhas filhas foram apresentadas aos quadrinhos desde
muito cedo, bem antes de lerem por sua própria conta. Elas cresceram em meio a
pilhas de Chico Bento, Mônica, Cebolinha, Zé Carioca, Pato Donald, Recruta Zero...
E, tal qual a mãe, tomaram tanto gosto que se tem uma coisa que não falta aqui
em casa é uma boa quantidade de gibis.