quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Elogiar mais e criticar menos

Uma consulta médica, hoje em dia, não dura mais do que 10 minutos. O médico olha na sua cara, pergunta o que você tem (por eles – médicos –, a gente já chegava no consultório com o diagnóstico pronto), faz um rápido exame e passa uma receita. E se você começar a fazer muita pergunta, ele já vai amarrando a cara e estendendo a mão, quando não já abrindo a porta, para, educadamente, te expulsar do consultório.

Dr. Su não tem nada a ver com esses daí. Ele é daquele tipo que te recebe com um sorriso e já vai perguntando como vai o resto da família. A consulta só termina quando ninguém – nem médico e nem paciente – tem mais nada para falar. E também não importa quantas pessoas estão aguardando a vez do lado de fora. Na sua vez, você é rei (ou rainha) e é tratado como tal.

Dá para imaginar tanta atenção vinda de um médico? Pois, no caso do Dr. Su, dá para esperar até um pouco mais. Ele costuma esclarecer sobre a medicação que prescreve – composição, efeitos colaterais, etc – e ainda deixa em aberto um possível retorno, mesmo que após 30 ou 40 dias. “Se a secretária reclamar, diz a ela que já está tudo acertado com o Dr. Su”, instrui. Ah, e tem ainda mais uma coisinha: a consulta dele é mais barata em relação aos especialistas de sua área.

Bem, mas eu não estou aqui fazendo propaganda para o Dr. Su, até porque ele não precisa disso e o consultório dele vive lotado até à tampa. O que eu pretendia mesmo era comentar que é muito bom que existam médicos como o Dr. Su e que fatos como esse precisam ser ditos, precisam ser exaltados, precisam ser comemorados.

Temos o péssimo hábito de ficar remoendo episódios desagradáveis. Damos mais valor aos erros do que aos acertos. Preferimos falar mais dos defeitos do que das qualidades. Temos que começar a mudar isso. Aprender a ocupar o nosso tempo falando mais do que é bom e menos do que é ruim. Elogiar mais e criticar menos. E não ter medo de enaltecer, nem de admirar. Nada. Nem ninguém.

Em todo caso, não se acanhe de pedir, se tiver interesse, que passo o telefone do Dr. Su com o maior gosto.

domingo, 15 de agosto de 2010

Celular, esse intrometido!

Esqueci o celular no carro e fiquei mais ou menos uns 40 minutos longe dele. Quando me dei conta que estava sem ele, vivi um breve momento de quase terror. Mil pensamentos me assaltaram e me senti como se estivesse no deserto do Saara, sem a mínima condição de me comunicar. “E se acontecer alguma coisa em casa? E se o fulano me ligar? E se o sicrano precisar falar comigo? E se...?”.

Gente, eu estava apenas na rua, no centro da cidade e a caminho do banco. Quer dizer, em plena civilização, entre milhares de pessoas e com acesso fácil a qualquer meio de comunicação. Passado o pânico, refleti e concluí que estamos ficando reféns desse aparelhinho que às vezes mais atrapalha do que ajuda. São tantas as ligações indesejáveis! Tem gente que liga com tamanha urgência para te avisar de algo que você já sabia desde o dia anterior, quando não para antecipar uma preocupação que poderia ter ficado para o dia seguinte.

Eu já me peguei levando esse intrometido para o banheiro e não durmo sem antes conferir se ele está por perto. Aliás, ultimamente ando com dois aparelhos, um que está saindo de circulação e o novo. Como não passei a agenda inteira para o substituto, me sinto na obrigação de carregar os dois. Conheço pessoas que carregam três.

Que inferno é esse em que nos metemos? As pessoas da minha geração devem se lembrar que telefone era coisa de pouco uso, restrito a informar acontecimentos importantes. Quem tinha um em casa fazia a gentileza de emprestá-lo para a vizinhança inteira, que dele podia se valer principalmente para receber notícias de familiares distantes.

Hoje, ter um celular é praticamente uma obrigação. Quem não tem, é visto com reservas. É quase um estranho no ninho. É peça rara. Sei de poucas pessoas que não têm um celular e eu as invejo e admiro. Porque elas têm uma grande vantagem: estão livres de serem monitoradas 24 horas por dia.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Serviço de merda


Estou tentando desde a semana passada fazer o cancelamento de um cartão de crédito e acho que a hora que eu conseguir vou fazer um bolo com velinhas. Pra comemorar.

A história começou no banco, que não pode fazer o cancelamento do crédito. Isso tem que ser feito no 0800 que fica no verso do cartão. Beleza! – pensei – isso é mamão com açúcar. Que Nada! – descobri – isso é um tremendo abacaxi.

Bem, na primeira ligação, depois de eu fornecer todos os dados fui informada de que precisava ligar num outro 0800. Depois de algumas tentativas infrutíferas em que o atendimento não se completava e a voz da secretária eletrônica ia sumindo – acho que a danada estava sem bateria – consegui falar com outro atendente que solicitou meus dados novamente – depois de me passar outro número de protocolo. A propósito, estou colecionando números de protocolo, se alguém precisar...

Pois bem, me falaram que por se tratar de uma conta jurídica, eu tinha que falar no 0800 para o qual tinha ligado inicialmente. Mas esse 0800 me garantiu que não era com eles e que eu tinha mesmo que falar no outro número. Entre lá e cá e cá e lá, se foram bem umas 10 ligações, até eu descobrir que não estava usando a nomenclatura do serviço corretamente. Agora, sim, ficou fácil – pensei – e lasquei: – moça, eu desejo bloquear a função crédito do meu cartão de crédito.

Seguiu-se a mesma cantilena: – Seu nome completo? Um momento... Obrigado por aguardar... Data de nascimento? Um momento... Obrigada por aguardar... Nome da empresa? Um momento... Obrigada por aguardar... Senhora, o serviço está indisponível no momento... A senhora pode tentar mais tarde...

Puta merda! – exclamei, mas não desisti. Passados uns 10 minutos tentei de novo e em seguida de novo e, aí sim, parei. – Me venceram, por hoje – decretei.

Ao voltar à carga, mais uma penca de ligações, novos números de protocolo – a coleção aumentou – e uma novidade: – senhora, seus dados não conferem. – como assim, que dados não conferem? – ah, isso só a sua agência pode responder.

Quer dizer que me enrolaram até aqui e só agora identificaram que meus dados não conferem? Isso é caso para a Ouvidoria, outro 0800, cuja secretária eletrônica também está com a bateria fraca. E mais: só atende mediante o número do protocolo. Fiquei em dúvida sobre qual número fornecer e decidi, então, ligar para o 0800 disponível para reclamações, que confirmou o veredicto: procure sua agência. Como na agência é praticamente impossível falar pelo telefone, vou ter que ir até lá.

Enquanto isso, tenho que reconhecer uma coisa: em nenhum momento faltou educação aos frios atendentes. Eles são bem treinados para manter a calma e a educação e oferecer um serviço de merda.