sexta-feira, 12 de junho de 2009

Valores Invertidos


Estampada sobre uma foto na capa do jornal, a chamada Adolescente morre com 4 tiros nas costas. E a legenda completa: Menor de 15 anos não teve chance após assalto. E a gente já fica imaginando a tragédia: “será que ele reagiu? Será que ele foi defender alguém?”. Só que, ao ler a matéria, somos informados de que o adolescente é o próprio assaltante. Ele e outros três jovens assaltavam um mercado, cujo dono reagiu e atirou, atingindo o garoto. O jornal chama a isso de execução. Afinal, o “anjinho” usava uma arma de brinquedo. A mãe do rapaz, ouvida pelo jornal, diz que essa foi a quarta vez em que ele se envolveu em um assalto. Mas, o jornal insiste em maquiar o episódio, tanto que identifica o dono do mercado como “vulgo” fulano. Do meu ponto de observação, como profissional, como mãe, como membro da comunidade e, principalmente, como ser humano, vejo o episódio com muita tristeza. E, na minha concepção, nada explica essa postura de um veículo de comunicação senão a inversão de valores tão comum nos dias atuais, que transforma bandidos em coitadinhos e suas vítimas em algozes. Uma realidade que coloca em dúvida valores de uma vida inteira, valores que nos foram transmitidos por pais zelosos e que hoje temos medo de assumir publicamente para não sermos taxados de trouxas. Sim, porque ser honesto no Brasil está ficando cada dia mais demodé.

Um comentário:

  1. Deve ter sido um cozinheiro que escreveu essa chamada aí! Ou um arquiteto! Ou uma manicure! Ou um astronauta! Ou... Sei lá, pode ter sido qualquer um!

    Mas provavelmente alguém sem diploma.
    Afinal, agora pode... Né?

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